Arquivo Litúrgico

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

A Santa Missa é a Renovação Mística e Incruenta do Sacrifício do Calvário


1 – A Santa Missa é a renovação incruenta do Sacrifício Redentor de Cristo, começado na Sua Encarnação e consumado no Calvário.

1.1 – No Calvário, Jesus Cristo ofereceu-Se de um modo sangrento.
Na Missa,
 oferece-Se de um modo sacramental, debaixo das aparências do Pão e do Vinho, para continuamente aplicar a nós, que não assistimos à Sua Obra Redentora, os frutos da Sua Encarnação, do Seu Nascimento, da Sua Vida oculta e pública, da Sua Paixão, Morte, Ressurreição e Ascensão ao Céu.

1.2 – Tudo isto está contido na Santa Missa, que é, como diz S. Tomás:
«O Sacrifício incruento da Vítima novamente enviada pelo Pai para os nosso altares, para nos aplicar os merecimentos infinitos da Sua Redenção, nomeadamente através da Sua Paixão e Morte».

2 – «A Missa é o próprio Sacrifício que foi oferecido a Deus sobre a Cruz», diz o Concílio de Trento.
É oferecido de um modo místico e incruento (sem derramamento de sangue), mas tem o mesmo valor e a mesma eficácia, pois nos aplica os frutos da Redenção de Cristo, operada de uma vez para sempre pelo nosso Divino Redentor, há perto de dois milénios.

2.1 – Sendo certo que pelo Sacrifício da Missa não somos novamente redimidos, pois já o fomos pelo Sacrifício cruento da Cruz; o Concílio de Trento define, como dogma de Fé, que «são-nos todavia aplicados os preciosos frutos da Redenção do Sacrifício da Cruz, através do Sacrifício incruento da Eucaristia» (C. Trento XII).

3 – Na Santa Missa, o Sacerdote é Jesus Cristo, e igualmente é Ele a Vítima.
No altar, o Padre não é mais que o representante e o instrumento de que Cristo se serve, mormente para a Consagração do pão e do vinho no verdadeiro Corpo e Sangue do Senhor Jesus.

3.1 – Na Santa Missa, é Deus feito Homem que Se oferece ao Pai, a Ele próprio no Seu Verbo e ao Espírito Santo, para adorar, louvar, agradecer, reparar e pedir em nosso nome, visto sermos membros do Seu Corpo Místico.

4 – «Todas as boas obras reunidas não equivalem ao Santo Sacrifício da Missa, porque são obras de homens, enquanto que a Missa é Obra de Deus.
O martírio humano [por mais valioso e doloroso que seja] não é quase nada, comparado com a Santa Missa, porque é o sacrifício que o homem faz a Deus da sua vida.
Mas a Santa Missa é o Sacrifício (supremo) que (o próprio) Deus faz do Seu Corpo e Sangue por Amor dos homens [pelo que tem valor infinito]».
(S. João Maria Vianney / Santo Cura de Ars)

5 – «Nenhuma língua humana pode expressar os enormes e preciosos frutos e graças que emanam da Celebração do Santo Sacrifício da Missa, em especial para os fiéis dignamente participantes:
O pecador encontra ali a disposição para a sua reconciliação com Deus, e o justo a sua purificação e perfeição mais amplas.
Ali, os pecados são perdoados, ao menos os veniais, os vícios afogados, as virtudes aumentadas e as insídias de Satanás são desbaratadas
».

(S. Lourenço Justiniano)

6 – «Uma só Missa pesa mais na balança da Justiça e da Misericórdia de Deus do que todas as orações e boas obras de todos os Santos e Missionários.
Uma só Missa dá mais Glória a Deus do que todos os milagres dos Santos e do que os cânticos dos Coros dos Anjos»(Venerável Padre Matéo).

7 – «Uma maneira óptima de obtermos qualquer graça agradável a Deus, sobretudo a conversão dos pecadores, é mandar celebrar a Santa Missa em honra da Misericórdia Divina»(Revelou Jesus a Santa Faustina).


José Mariano

sábado, 27 de novembro de 2010

Anotações para o Tempo do Advento - forma ordinária

por Rafael Vitola Brodbeck


Rezam as Normas para o Ano Litúrgico e o Calendário Romano:

"O tempo do Advento possui dupla característica: sendo um tempo de preparação para as solenidades do Natal, em que se comemora a primeira vinda do Filho de Deus entre os homens, é também um tempo em que, por meio desta lembrança, voltam-se os corações para a expectativa da segunda vinda do Cristo no fim dos tempos. Por este duplo motivo, o tempo do Advento se apresenta como um tempo de piedosa e alegre expectativa." (NALC, 39)
Nesse sentido, o roxo é a cor ditada pelas rubricas, como de espera penitencial, ainda que não tão rigorosa quanto a da Quaresma. De fato, o Advento é uma "pequena Quaresma" em preparação ao Natal. Preparando-nos para celebrar a primeira vinda de Cristo no Natal, aguardamos, neste exílio, pela segunda, em que Ele deve nos achar livres do pecado. O chamado à santidade é também a tônica, pois, do Advento.


Algumas anotações oficiais, tiradas do Diretório Litúrgico da CNBB, para o Advento que começa amanhã, nos ajudam a que as celebrações seja conforme as rubricas e a tradição do rito romano:

1. O órgão e os outros instrumentos musicais devem usar-se, e o altar orna-se com flores, com aquela moderação que convém ao caráter próprio deste tempo, de modo q não antecipar a plena alegria do Natal do Senhor. No Domingo Guadete (3º do Advento), pode-se usar a cor-de-rosa (CB, n. 236).


2. Na celebração do matrimônio, seja dentro ou fora da Missa, dá-se sempre a bênção nupcial; mas admoestem-se os esposos e a se absterem do pompa demasiada.



3. Até o dia 16, inclusive, não se permitem as Missas para diversas circunstâncias, votivas ou cotidianas pelos defuntos, a não ser que a utilidade pastoral o exija (IGMR, n. 333). Mas podem ser celebradas as Missas das memórias que ocorrem, ou dos Santos inscritos no Martirológio nos respectivos dias (IGMR, n. 316b).
Vejam que, conforme a primeira frase do número 3, a Missa Rorate, do Comum de Nossa Senhora, por motivo pastoral, pode ser celebrada, segundo ilustramos em um artigo do Salvem.


A partir de hoje, último sábado do Tempo Comum, começa, nas Completas, a antífona mariana Alma Redemptoris Mater.

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Sentido do advento

Palavras do Cardeal Joseph Ratzinger sobre o Advento


«O Advento e o Natal experimentaram um incremento de seu aspecto externo e festivo profano tal que no seio da Igreja surge, da própria fé, uma aspiração a um Advento autêntico: a insuficiência desse ânimo festivo por si só se deixa sentir, e o objetivo de nossas aspirações é o núcleo do acontecimento, esse alimento do espírito forte e consistente do qual nos fica um reflexo nas palavras piedosas com as quais nos felicitamos nas festas. Qual é esse núcleo da vivência do Advento?

Podemos tomar como ponto de partida a palavra «Advento»; este termo não significa «espera», como poderia se supor, mas é a tradução da palavra grega parusia, que significa «presença», ou melhor, «chegada», quer dizer, presença começada. Na antigüidade era usado para designar a presença de um rei ou senhor, ou também do deus ao qual se presta culto e que presenteia seus fiéis no tempo de sua parusia. Ou seja, o Advento significa a presença começada do próprio Deus. Por isso, nos recorda duas coisas: primeiro, que a presença de Deus no mundo já começou, e que ele já está presente de uma maneira oculta; em segundo lugar, que essa presença de Deus acaba de começar, ainda que não seja total, mas está em processo de crescimento e amadurecimento. Sua presença já começou, e somos nós, os crentes, que, por sua vontade, devemos fazê-lo presente no mundo. É por meio de nossa fé, esperança e amor que ele quer fazer brilhar a luz continuamente na noite do mundo. De modo que as luzes que acendamos nas noites escuras deste inverno sejam ao mesmo tempo consolo e advertência: certeza consoladora de que «a luz do mundo» já foi acesa na noite escura de Belém e transformou a noite do pecado humano na noite santa do perdão divino; por outra parte, a consciência de que esta luz somente pode - e somente quer - seguir brilhando se é sustentada por aqueles que, por ser cristãos, continuam através dos tempos a obra de Cristo. A luz de Cristo quer iluminar a noite do mundo através da luz que somos nós; sua presença já iniciada deve seguir crescendo por meio de nós. Quando na noite santa soe uma e outra vez o hino Hodie Christus natus est, devemos recordar que o início que foi produzido em Belém deve ser em nós início permanente, que aquela noite santa é novamente um «hoje» cada vez que um homem permite que a luz do bem faça desaparecer nele as trevas do egoísmo (...) a criança - Deus nasce ali onde se obra por inspiração do amor do Senhor, onde se faz algo mais que intercambiar presentes.
Advento significa presença de Deus já começada, mas também apenas começada. Isto implica que o cristão não olha somente o que já foi e o que aconteceu, como também ao que está por vir. Em meio a todas as desgraças do mundo, tem a certeza de que a semente de luz segue crescendo oculta, até que um dia o bem triunfará definitivamente e tudo lhe estará submetido: no dia em que Cristo retorne. Sabe que a presença de Deus, que acaba de começar, será um dia presença total. E esta certeza o faz livre, o dá um apoio definitivo (...)».
Alegrai-vos no Senhor
(...) «"Alegrai-vos, uma vez mais vos digo: alegrai-vos". A alegria é fundamental no cristianismo, que é por essência evangelium, boa nova. E, entretanto, é ali onde o mundo se equivoca, e sai da Igreja em nome da alegria, achando que a Igreja a tira do homem com todos os seus preceitos e proibições. Certamente, a alegria de Cristo não é tão fácil de ver como o prazer banal que nasce de qualquer diversão. Mas seria falso traduzir as palavras: «Alegrai-vos no Senhor» por estas outras: «Alegrai-vos, mas no Senhor», como se na segunda frase se quisesse recordar o afirmado na primeira. Significa simplesmente «alegrai-vos no Senhor», já que o apóstolo evidentemente crê que toda verdadeira alegria está no Senhor, e que fora dele não pode haver nenhuma. E de fato é verdade que toda alegria que se dá fora dele ou contra ele não satisfaz, mas que, ao contrário, arrasta o homem a um redemoinho no qual não pode estar verdadeiramente contente. Mas isso aqui nos faz saber que a verdadeira alegria não chega até que não a traz Cristo, e que do que se trata em nossa vida é de aprender a ver e compreender a Cristo, o Deus da graça, a luz e a alegria do mundo. Pois nossa alegria não será autêntica até que deixe de apoiar-se em coisas que podem ser-nos arrebatadas e destruídas, e se fundamente na mais íntima profundidade de nossa existência, impossível de ser-nos arrebatada por força alguma do mundo. E toda perda externa deveria fazer-nos avançar um passo rumo a essa intimidade e fazer-nos mais maduros para nossa vida autêntica.
Assim se passa a ver que os dois quadros laterais do tríptico de Advento, João e Maria, apontam ao centro, a Cristo, desde o qual são compreensíveis. Celebrar o Advento significa, dizendo mais uma vez, despertar para a vida a presença de Deus oculta em nós. João e Maria nos ensinam a fazê-lo. Para isso, devemos andar por um caminho de conversão, de afastamento do visível e aproximação ao invisível. Andando esse caminho somos capazes de ver a maravilha da graça e aprendemos que não há alegria mais luminosa para o homem e para o mundo que a da graça, que apareceu em Cristo. O mundo não é um conjunto de penas e dores, toda a angústia que exista no mundo está amparada por uma misericórdia amorosa, está dominada e superada pela benevolência, o perdão e a salvação de Deus. Quem celebre assim o Advento poderá falar com razão da celebração natalina: feliz bem-aventurada e cheia de graça. E conhecerá como a verdade contida na felicitação natalina é algo muito maior do que esse sentimento romântico dos que a celebram como uma espécie de diversão de carnaval».
Estar preparados...
«No capítulo 13 que Paulo escreveu aos cristãos em Roma, diz o Apóstolo o seguinte: "A noite vai muito avançada e já se aproxima o dia. Despojemo-nos, pois, das obras das trevas e vistamos as armas da luz. Andemos decentemente e como de dia, não vivendo em orgias e bebedeiras, nem em devassidão e libertinagem, nem em rixas e ciúmes, antes vesti-vos do Senhor Jesus Cristo..." Segundo isso, Advento significa colocar-se de pé, despertar, sacudir-se do sono. Que quer dizer Paulo? Com termos como "orgias, bebedeiras, devassidão e libertinagem" expressou claramente o que entende por «noite». As orgias noturnas, com todos seus acompanhamentos, são para ele a expressão do que significa a noite e o sono do homem. Esses banquetes se convertem para São Paulo em imagem do mundo pagão em geral que, vivendo de costas para a verdadeira vocação humana, se afunda no material, permanece na escuridão sem verdade, dorme apesar do ruído e da agitação. A orgia noturna aparece como imagem de um mundo estragado. Não devemos reconhecer com espanto quão freqüentemente descreve Paulo desse modo nosso paganizado presente? Despertar-se do sono significa sublevar-se contra o conformismo do mundo e de nossa época, sacudir-nos, com valor, para a virtude e a fé, sono que nos convida a nos desentendermos de nossa vocação e nossas melhores possibilidades. Talvez as canções do Advento, que escutamos de novo esta semana, tornem-se sinais luminosos para nós, mostrem-nos o caminho e nos permitam reconhecer que há uma promessa maior que a do dinheiro, do poder e do prazer. Estar despertos para Deus e para os demais homens: eis aqui o tipo de vigilância a que se refere o Advento, a vigilância que descobre a luz e proporciona mais claridade ao mundo».
João Batista e Maria
«João Batista e Maria são os dois grandes protótipos da existência própria do Advento. Por isso, dominam a liturgia desse período. Olhemos primeiro a João Batista! Está frente a nós exigindo e atuando, exercendo, pois, exemplarmente a tarefa masculina. Ele é o que chama, com todo rigor, à metanóia, a transformar nosso modo de pensar. Quem queira ser cristão deve "mudar" continuamente seus pensamentos. Nosso ponto de vista natural é, desde então, querer afirmar-nos sempre a nós mesmos, pagar com a mesma moeda, colocar-nos sempre no centro. Quem quiser encontrar a Deus deve se converter interiormente uma e outra vez, caminhar na direção oposta. Tudo isso deve se estender também a nosso modo de compreender a vida em seu conjunto. Dia após dia nos topamos com o mundo do visível. Tão violentamente penetra em nós através de cartazes, do rádio, do tráfico e demais fenômenos da vida diária, que somos induzidos a pensar que só existe ele. Entretanto, o invisível é, na verdade, mais excelso e possui mais valor que todo o visível. Uma só alma é, segundo a soberba expressão de Pascal, mais valiosa que o universo visível. Mas, para percebê-lo de forma viva, é preciso converter-se, transformar-se interiormente, vencer a ilusão do visível e fazer-se sensível, afinar o ouvido e o espírito para perceber o invisível. Aceitar esta realidade é mais importante que tudo o que, dia após dia, se projeta violentamente sobre nós. Metanoeite: dai uma nova direção a vossa mente, disponde-na para perceber a presença de Deus no mundo, mudai vosso modo de pensar, considerai que Deus se fará presente no mundo em vós e por vós. Nem sequer João Batista se eximiu do difícil acontecimento de transformar seu pensamento, do dever de converter-se. Quão certo é que este seja também o destino do sacerdote e de cada cristão que anuncia a Cristo, ao qual conhecemos e não conhecemos!

terça-feira, 23 de novembro de 2010

Reforma da Reforma


Santidade o Papa Bento XVI, com seu Mestre de Cerimônias o Revmo. Mons. Guido Marini tem apresentado nas Celebrações Litúrgicas algo que, muitos têm chamado de rompimento com o Concílio Vaticano II. Certos (a) Liturgista(s) que criam laboratórios de liturgia, opinam ser isso algo inaceitável em pleno século XXI. Mas não é sobre a opinião de pessoas que não conhecem o inexaurível tesouro litúrgico da Santa Igreja Romana que quero falar. Mas para todos nós que estamos com o Santo Padre isso é voltar as Fontes. Não existe expressão melhor para designarmos tal atitude: “Voltar as Fontes!”
Como muito bem nos apresentou o Revmo. Padre Paulo Ricardo, nas palestras publicadas em seu site, dizendo sobre “A Igreja e o Mundo Moderno”, o Pe. Ratzinger defendia que a Igreja deveria voltar às fontes, aos primórdios, ao âmago do Cristianismo e com essa atitude pudesse viver na Práxis Litúrgica a sua Espiritualidade.
A Espiritualidade Litúrgica jamais poderia ser encontrada se em cada região fosse inculturados elementos de sua realidade, isso seria um rompimento não “apenas” com a Tradição da Igreja, mas com Nosso Senhor. Será que na Bahia Jesus Cristo morreria caracterizado com as vestes populares de lá? No Rio ele morreria de sunga? Na África ele usaria um turbante? Não. Então isso não deve acontecer nas Celebrações Litúrgicas, essa falsa interpretação nos leva ao abismo, ao erro. Não se deve incrementar a Liturgia com essas particularidades, pois ela é um Culto de Adoração a Deus e não para satisfazer o homem.
A Santa Missa é momento de reunidos em Comunidade, através do Sacerdote ofertarmos nossa vida a Deus e pelo Sacerdote é oferecido o Sacrifício único, perfeito e incruento da Paixão, Morte e Ressurreição de Nosso Senhor, para Nossa Salvação. Essa falsa doutrina de Povo, de Comunidade, que muitas vezes vemos em livros de “liturgia”, em músicas do jornalzinho Dominical, não condiz com a realidade. A Participação do povo não é de junto com o Sacerdote oferecer o Sacrifício, mas é aquilo que diz São Pio de Pietrelcina: “… Assistir a Stª Missa assim como Nossa Senhora e São João estavam no Calvário”. Essa é a melhor forma de se participar da Santa Missa, com um Coração Adorante e Grato a Nosso Senhor por magna expressão de Amor e Doação.
Não é dançando na Missa, não é inventado Missas… (Uma opinião minha: “Hoje em dia existe ‘Missas’ de todos os tipos, será que não teremos a Missa de Nosso Senhor celebrada dignamente?! Não estou dizendo que o Sacrifício não é válido nessas celebrações, se tem ou não validade não cabe a mim, mas que se distancia tanto de uma Celebração Litúrgica, pelo menos se distancia de um Culto Católico”).
A Constituição Sacrossanctum Concilium não permiti que se invente uma nova forma de celebrar. Como Sua Santidade o Papa Bento XVI sabe que a “pregação converte, mas o testemunho arrasta”. Com sua maneira simples e não arrogante como muitos diziam, sem querer impor, parte dele a iniciativa de “ensinar o padre como que se reza a Missa” (não me entendam mal!). Para não ficar naquilo que diz o ditado popular “faça o que eu falo, mas não faça o que eu faço” ele apoiado por seu Mestre de Cerimônias tem dado a toda Igreja uma excelentíssima pregação Evangélica, a maneira como ele Celebra a Stª Missa.
É pela Sagrada Liturgia que nós seremos salvos, como diz Pe. Paulo Ricardo: “Se salvarmos a Liturgia, seremos salvos por ela”. Nossa Sociedade hodierna tem perdido o valor do Sacrifício. Já não sabemos nem o que é sacrificar-se, por essa razão tem sido desvalorizado o Valor Salvífico da Oblação Perfeita e Cruenta de Nosso Senhor no Calvário.
Com exemplo do St° Padre nós Católicos do mundo inteiro, posso dizer com essa propriedade, pois é de fato desejamos que em nossas Paróquias o verdadeiro povo de Deus receba a maior Libertação, a da escravidão do pecado, através do Santo Sacrifício dignamente celebrado, mesmo que com os objetos mais simples, mas que sejam dignos de Nosso Senhor. Os filhos e filhas de Deus têm mais fome de participarem da Santa Missa bem celebrada do que fome de pão.
O alimento fisiológico é necessário, mas o alimento da alma é indispensável. Se como diz São Pio: “É mais fácil a Terra viver sem o Sol do que sem a Santa Missa”, podemos dizer, é mais fácil vivermos sem pão físico, do que sem o Pão da Vida Eterna, assim como viveu no término de sua caminhada cristã, Beata Alexandrina.
Com a graça de Nosso Senhor exerço a função de Mestre de Cerimônias em minha Comunidade Paroquial e a exemplo do Sucessor de São Pedro, Vigário de Nosso Senhor aqui na Terra, tivemos a graça de no dia 18 de Julho no Retiro Trono de Adoração, organizado pela Missão Trono de Adoração, a qual faço parte, que tem como Chamado a Adoração Eucarística a Nosso Senhor Sacramentado, o Anúncio Missionário e a Consagração dos Lares ao Imaculado Coração de Nossa Senhora. Sob o zelo Espiritual do Revmo. Padre José Olavo Píres Trindade, EP, termos a Celebração da Santa Missa dignamente. E aproveitamos para na ocasião ornarmos o Altar com o “Arranjo Beneditino”.
Foi uma grande alegria para o meu coração, como Cerimoniário, Católico e também para todo o povo presente, vimos também o que estava expresso nas palavras do Celebrante quando na homilia e ao final da Cerimônia expressou sua gratidão por jovens quererem viver a Fé Católica em obediência ao Santo Padre.
O que é mais interessante, não é “simplesmente” como estava ornada e como foi celebrada a Santa Missa (Isto é de fato importante), mas sim, o fato de os corações também estarem preparados para tal, a celebração que teve quase duas horas de atraso, porque Pe. Olavo ficou atendendo os presentes em confissão. Os que participavam, ali estavam com o Coração Adorador, tivemos também algumas partes cantadas em Latim. Esse é o desejo do Papa Bento XVI com a Reforma da Reforma, recriar em nós uma verdadeira Espiritualidade Eucarística, essa que não pode ser inventada, mas é Dom de Nosso Senhor a todos os que desejam. Nós Desejamos!
Valdeci Silva I. Junior

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

As cores litúrgicas do Advento

A cor própria do advento é o roxo, usado desde as I Vésperas do I Domingo do Advento até a última missa que antecede a da Noite de Natal. Nesse período, só se usa outra cor para as festas e solenidades, como a Imaculada Conceição, e para o III Domingo do Advento, Domingo Gaudete, quando se usa o rosa. Isso é conhecido por todos aquele que trabalham na organização da liturgia nas comunidades paroquiais, nos oratórios, nos monastérios, etc.

Existe, entretanto, uma "proposta" que sugere a utilização de outras cores no tempo do advento. O grande argumento é que o roxo remete à penitência e o advento é um tempo de feliz espera. Um argumento simplório que evidencia um total desprezo pela construção da liturgia durante séculos e propõe mudanças cirúrgicas na mesma. As cores litúrgicas não devem ser vistas como "legendas" da celebração, mas como um dos elementos que constituem a mesma. O roxo relaciona-se tão bem com a penitência quaresmal, quanto com a sobriedade e preparação, próprios do tempo do advento. Esses dois usos não se excluem, mas se completam; tendo-se como significado final a conversão, comum aos dois tempos e também ao sacramento da penitência, em que figura.

Um caso similar é o vermelho, que tanto é usado na celebração dos mártires, quanto nas celebrações do Espírito Santo. Uma mesma cor que serve muito bem a ambas as ocasiões, apesar de não terem, ao menos a primeira vista, um mesmo significado.

Voltando à tão proposta, com a saída do roxo do advento, existiria a necessidade de uma cor para lhe substituir. E existem duas candidatas a "cor subsitutita", alguns dizem que deve-se usar o rosa em todo o tempo do Advento, outros que deve-se introduzir o lilás entre as cores litúrgicas e destiná-lo a esse tempo. Uma sugestão mais esdrúxula que a outra.

O rosa já tem seu lugar na liturgia. É usado, como já disse, no Domingo Gaudete, além de no IV Domingo da Quaresma, Domingo Laetare. Seu uso em todo o período do Advento levaria a uma desastrosa perda destes dois domingos, que possuem uma relação particular com sua respectivas liturgias da palavra e outras partes do próprio, além de marcarem um dia de júbilo dentro de tempos particularmente sóbrios.
O uso do lilás é defendido para preservar os domingos de rosa. Ele seria uma cor intermediária entre o rosa e o roxo. Considerando que o rosa é cor intermediária entre roxo e branco, apenas a confusão gerada por tanto "intermediarismo" nas cores já seria um bom ponto para não se utilizar tal cor. Mas existem motivos melhores para excluir o lilás. Primeiro, o lilás não é cor do rito romano e sua introdução nos paramentos litúrgicos constituiria um abuso grave, tão grave quanto o uso do laranjado. Segundo, por que constitui um artificialismo; o povo não relaciona lilás com preparação para o Natal, ao contrário, relaciona o roxo com preparação.

Por fim, se alguma paróquia realmente precisa da invenção de uma cor litúrgica criada ex nihil para entender que Quaresma não é Advento, essa pobre comunidade necessita, urgentemente, de uma boa catequese litúrgica.

fonte: salvem a liturgia.

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

34o Domingo do tempo comum – Solenidade de Cristo Rei do universo

A solenidade deste último domingo do ano litúrgico da Igreja nos coloca frente à realeza de Jesus. Criada em 1925, pelo Papa Pio XI, esta festa litúrgica pode parecer pretensiosa e triunfalista. Afinal, de que realeza se trata?
Para superar a ambigüidade que permanece, precisamos ir além da visão do Apocalipse, cujo hino na segunda leitura canta que “Jesus é o soberano de todos os reis da terra”. Ora, reis e rainhas não servem de modelo para a representação gloriosa de Jesus. Mesmo que seja para colocá-lo acima de todos os soberanos. Riquezas, palácios, criadagem e exércitos não são elementos que sirvam para exaltar a entrega de Jesus por nós. Jesus está na outra margem. Ele é a antítese da realeza da riqueza e do poder. Não é por acaso que os evangelhos da liturgia de hoje, nos ciclos litúrgicos A, B, e C da Igreja, sempre nos colocam no contexto da paixão de Jesus para contemplar sua realeza.
Jesus foi Rei durante sua vida, em apenas dois momentos, ao entrar em Jerusalém como um Rei pobre, montado em um jumento emprestado e ao ser humilhado na paixão, revestido com manto de púrpura-gozação e capacete de espinhos; rei ao morrer despido e com o peito traspassado na cruz. Rei da Paz e Rei do Amor-sem-limite até a morte. A realeza de Jesus é a realeza do Amor Ágape de Deus por toda a Humanidade e por toda a criação.
Esta festa é ocasião propícia para podermos reconhecer, mais uma vez, que na cruz de Jesus o poder-dominação, o poder opressor, criador de desigualdades e exclusões, espalhador de sofrimento por todos os lados, está definitivamente derrotado. Isto se deu pelo seu modo de viver para Deus e para os outros. O fracasso na cruz é a vitória de Jesus sobre o mal, o pecado e a morte, por meio de sua Ressurreição.
Esta festa se torna então reveladora de um tríplice fundamento para a nossa Esperança, de que as Promessas de Deus serão cumpridas até o fim.
O surgimento da matéria e sua evolução, desde o big-bang ─ quando toda a energia do Universo se concentrava em um único ponto menor do que o átomo ─ são o primeiro fundamento de nossa Esperança.
Deus é criador respeitando as leis daquilo que criou. Nós nos damos conta de que a soberania de Deus vem se cumprindo num Universo em expansão, uma vez que a evolução da matéria atingiu seu ponto Ômega ao dar à luz Jesus de Nazaré, por meio de Maria, porque nele está a Humanidade humanizada para todos os homens e mulheres, de todas as gerações.
O segundo fundamento é a pessoa de Jesus de Nazaré. O sonho de uma Humanidade humanizada ─ tornada aquilo que ela é ─ vem expresso na primeira leitura do livro de Daniel, na figura de um Filho de Homem ─ figura antitética dos filhos de besta, filhos da truculência, dos povos pagãos que oprimiram Israel com seus exércitos. O sonho tornou-se realidade em Jesus Cristo. Jesus nos humaniza com a sua divindade: nunca Deus esteve tão perto de nós, sendo um de nós e sem privilégios; mas também sem crimes e pecados (cf. epístola aos Hebreus). Jesus nos diviniza com a sua humanidade, tão humano que é, que só pode vir de Deus e ser Deus mesmo.
O terceiro fundamento de nossa esperança é a comunidade eclesial de fé, dos amigos e discípulos de Jesus. Olhando essa grandeza, entendemos o sentido último de nosso Batismo, pois na realeza de Jesus fomos batizados para ser reis e rainhas; no Sacerdócio de Jesus, para sermos sacerdotes e sacerdotisas; no Profetismo de Jesus, para sermos profetas e profetisas, para viver segundo o imperativo da Palavra de Deus, revelada em seu Filho.
A soberania dessa realeza consiste no serviço da cultura da Paz e da solidariedade, da compaixão e da fraternidade. O poder que corresponde a essa realeza é o do exercício da autoridade que serve, para fazer o milagre da diversidade tornar-se unidade.
No Sacerdócio de Jesus nos unimos à sua missão de gastar a vida pelos demais. Sabemos por Ele qual o modo de existir que nos conduz à Vida verdadeira; qual a religião que agrada a Deus. A Esperança posta no Sacerdócio de Jesus é também certeza de que a vida gasta por compaixão e solidariedade é a vida feliz e bem vivida.
Nossa Esperança é profética, pois a força da Palavra inaugura o Futuro. “Apesar de você, amanhã há de ser outro dia…” cantava Chico Buarque nos anos da ditadura. Era a palavra do poeta vencendo a força bruta. Vivendo o tempo presente no coração da comunidade de fé, que é a Igreja, sentimos que uma força maior se move em nós, nos co-move, para abrir-nos em direção ao futuro, pois nossa esperança não se funda somente em Deus, sentido radical do futuro, ou, como diz o provérbio, que “o futuro a Deus pertence”. Mas é Deus mesmo a quem esperamos e quem nos espera no futuro. Isso é que é ter Esperança: esperar Deus mesmo!
A festa de hoje nos faz contemplar a existência do Universo, necessária para que surgisse o grande presente de Deus oferecido a toda a Criação, que é Jesus. Desta forma, nossa esperança se sustenta também nos cantos dos bem-te-vis e sabiás; nas rosas e margaridas; nas crianças e nas borboletas; nos homens e mulheres de boa vontade; nas pedras e nos vulcões; nas nuvens, na lua e nos planetas; nas estrelas e nas galáxias. Se existe tudo isso e não o nada, nossa esperança tem pé, tem cabeça e tem coração.
Assim, como São Paulo, vivemos na Esperança, mas hoje sabendo de seu tríplice fundamento: aquele da evolução do Universo que culminou em Jesus, pelo dom de Maria; aquele que é Jesus, que por nós se doou na cruz, abrindo para nós um modo de viver para Deus e para os outros que é verdadeira salvação; e aquele que é a Igreja, a nossa comunidade de fé, que nos lança e sustenta na abertura radical ao futuro, esperando Deus que vem e que nos acolhe com amor infinito, por meio do seguimento de seu Filho, por quem recebemos a Vida e Plenitude da graça de Deus. Amém.

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

O que é Consistório?



O Papa Bento XVI anunciou os nomes dos novos cardeais que serão criados no consistório a se realizar em 20 de novembro.
Dos 24, 10 são italianos, dos quais 8 eleitores (os acima de oitenta anos não têm direito a voto), dois alemães, um polonês, um suíço, um espanhol (não eleitor), quatro africanos, entre eles o Patriarca do Egito, dois americanos, um brasileiro e um equatoriano, um do Sri Lanka.
Os membros da Cúria Romana são: Angelo Amato, Fortunato Baldelli, Raymond Leo Burke, Velasio De Paolis, Francesco Monterisi, Kurt Koch, Gianfranco Ravasi, Paolo Sardi, Robert Sarah, Mauro Piacenza.
Arcebispos residenciais:
Antonio Naguib, patriarca de Alexandria dos Coptas (Egito);
Paolo Romeo, arcebispo de Palermo;
Reinhrad Marx, arcebispo de Munique e Frisinga (Alemanha);
Kazimierz Nycz , arcebispo de Varsóvia (Polônia);
Donald William Wuerl, arcebispo de Washington (EUA);
Laurent Monsengwo Pasinya, arcebispo de Kinshasa (Congo):
Medardo Joseph Mazombwe, arcebispo emérito di Lusaka (Zâmbia);
Albert Malcom Ranjith Patanbendige Don, arcebispo de Colombo (Sri Lanka);
Raul Eduardo Vela Chiriboga, arcebispo de Quito (Equador);
Raymundo Damasceno Assis, arcebispo de Aparecida (Brasil).
Com mais de 80 anos de idade: Elio Sgreccia (Itália), Josè Manuel Estepa Llaurens (Espanha), WalterBrandmuller (Alemanha), Domenico Bartolucci (Itália).
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O que é Consistório?

 
É a assembléia dos Cardeais para a eleição do Papa por escrutínio secreto. Obedece à regulamentação minuciosa do Direito Canônico e das Constituições Apostólicas. O conclave foi regulamentado por Gregório X no Concílio de Lyon, em 1274. Os Papas seus sucessores acrescentaram algumas modificações a essa primeira regulamentação. Gregório XV, através das constituições de 1621 e 1622, e Pio XII, através da Constituição Vacantis Apostolicae Sedis de 1945, tornaram mais precisas as leis do Conclave. Hoje a eleição do Papa observa as leis especiais da Constituição Apostólica de Paulo VI Romano Pontifice Eligendo de 1º de outubro de 1975.
     Consistório é assembléia de Cardeais, presidida pelo Papa, para assuntos de interesse da Igreja universal. É a forma colegial do Cardeal prestar ajuda ao Pastor Supremo da Igreja. O consistório é convocado por ordem do Romano Pontífice e realizado sob sua presidência. Há dois tipos de consistório: ordinário e extraordinário. Consistório ordinário é o que reúne todos os Cardeais e o Papa pronuncia um discurso, anuncia a criação de novos Cardeais e impõe em cada um o barrete de cor vermelha viva. Este consistório em geral é público, isto é, admite além dos Cardeais, outros convidados, como legados de nações e comitivas, como acontecerá dia 21 de fevereiro de 2001 na Basílica de São Pedro, às 10h30. Este consistório pode ser secreto, quando o Papa convoca pelo menos os Cardeais que residem em Roma para consulta sobre questões graves.
     Consistório extraordinário é o que convoca os Cardeais para tratar de necessidades especiais da Igreja ou de questões mais graves. Desde o século XIII o consistório tomou grande importância no governo da Igreja, como Conselho do Papa e chamado de Senado do Papa. João Pauo II com a Constituição Apostólica Pastor Bônus, de 28 de junho de 1988, sobre a Cúria Romana, constituiu um Conselho de 15 Cardeais, nomeados por 5 anos, para o estudo dos problemas organizativos e econômicos da Santa Sé. Hoje o consistório tem o caráter formal de reunião para criação de novos Cardeais. João Paulo II restabeleceu o costume de convocar reuniões plenárias de cardeais para tratar dos assuntos mais importantes da Igreja. No judaísmo, os consistórios israelitas foram estabelecidos na França por decreto imperial de 1808 e definitivamente constituídos por decreto de 1862 e 1872. Após a lei de separação de 1905, os consistórios foram substituídos por uma União de todas as Associações Culturais Israelitas. No calvinismo, era espécie de Tribunal de Inquisição pra vigiar a vida religiosa dos cidadãos e punir-lhes as infrações.
     O consistorio era, originalmente, a reunião do Imperador com os mais altos dignatários do Império Romano. A Igreja assumiu e aplicou essa denominação à reunião solene do Cardeais sob a presidência do Papa. O novo Código de Direito Canônico trata dos Cardeais nos cânones 349 a 359.

Autor: Mons. Arnaldo Beltrami

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Grupo de Coroinhas: uma tarefa complicada?


Fonte: blog La Buhardilla de Jerônimo, do original "What Does The Prayer Really Say?"
Tradução: Wagner Marchiori 



"O blog do Padre Z relata um programa destinado a aumentar a participação de meninos e jovens na Missa como coroinhas." 


A participação dos coroinhas teve um aumento de 500% ao adotar regras mais exigentes 
Voltando a adotar práticas mais exigentes para os coroinhas, dois homens foram capazes de aumentar a participação em sua paróquia de 10 para 60 rapazes. 
"Servir no altar na paróquia Sagrada Família permite aos jovens estarem mais plenamente integrados na Missa e lhes dá oportunidade de experimentar mais de perto o Sacrifício de Cristo. Sagrada Família propicia um ambiente que os fazem sentir bem-vindos e necessários e é uma excelente experiência", explica Carson Lind, de 19 anos, um "veterano coroinha com 7 anos de atividade". 


Resposta a uma necessidade 



Bob e Mark, membros da paróquia Sagrada Família em St. Louis Park, Minnesota, queriam ver mais garotos envolvidos na Missa. Parecia-lhes que a função de coroinha poderia ajudar aos jovens a participarem mais plenamente e, possivelmente, chegar a discernir uma vocação sacerdotal. Bob e Mark aproximaram-se de seu pároco, o padre Dufner, e compartilharam com ele esta visão. 


De onde surgiu a idéia 



Ambos haviam servido, quando jovens, em grupos de coroinhas reservados somente a meninos e lembravam da experiência com carinho. 


Como funciona 



Em primeiro lugar propuseram fazer o programa somente para rapazes. Acreditavam que isso aumentaria o desejo dos jovens em participar do programa. O padre Dufner concordou. Depois trataram de criar uma atmosfera mais reverente usando batinas e sobrepelizes e comprando calçados iguais. Finalmente treinaram os rapazes nas funções tradicionais de coroinhas, instituindo um sistema de cargos "hierárquicos" com nomenclatura própria que tornou mais acessível e atraente para os jovens a atividade. Com estas regras mais rigorosas o programa experimentou um enorme crescimento. 


Os resultados 



O grupo cresceu, nos últimos sete anos, de 10 para 60 participantes. Há rapazes de várias idades, o que permite que os mais velhos instruam os mais novos. 


Elementos chaves 



Bob e Mark crêem que há alguns elementos chaves que ajudaram no sucesso do programa. Os jovens da paróquia responderam bem à atmosfera reservada para rapazes e, especialmente, o tempo extra que lhes permitiram passar com o padre Dufner, tanto durante os treinamentos como fora da Missa em diversas atividades como jogar bola ou pescar. Também ajudou a motivação a hierarquia de funções, junto com o alto padrão de ordem e disciplina do programa. 


Como implementar 



Uma boa maneira de implementar esse programa é encontrar homens com espírito de liderança que tenham o desejo de ver uma maior participação de rapazes na Missa e animar-lhes a começar um programa de coroinhas. Ajudar a estes líderes a criar um ambiente divertido e competitivo instituindo um sistema de faixas hierárquicas com distintas nomenclaturas, colocando em vigor um rígido código de vestimenta e organizando atividades esportivas complementares somente para os coroinhas. Isto ajudará a estimular os rapazes a servir a Deus e à sua Igreja. 

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Ritos simples que podem ser retomados nas paróquias com vistas a uma maior piedade e renovação da liturgia

Se a sua paróquia, caro leitor, não tem ainda condições de implementar uma Missa solene, ou uma Missa cantada em latim, com gregoriano, ou ainda não há condições de convencer o pároco a adotar fielmente o disposto nas rubricas, talvez seja oportuno começar "aos poucos", com cerimônias menos elaboradas, fora da Missa, que despertem a todos para uma maior piedade e ajudem, por sua regularidade, na renovação da liturgia em sua igreja.

Esses ritos são todos litúrgicos, dispostos nos livros apropriados, e, pela relativa simplicidade, afastam qualquer má vontade - exceto, claro, se for uma grande má vontade...

Damos alguns exemplos:

Te Deum

O Te Deum é um canto tradicional em gregoriano, com uma partitura das menos complicadas. Pode-se, se não houver quem cante, apenas dizê-lo, em latim ou em vernáculo mesmo. Caso a dificuldade seja mesmo grande, é melhor recitá-lo do que cantá-lo, ao menos num primeiro momento.

Para que não seja apenas uma recitação simples, pode-se usá-lo, cantado ou rezado, em português ou na língua da Igreja, no contexto de uma Exposição do Santíssimo.

Faça-se, então, tudo como na Exposição Solene: padre ou diácono om alva, cíngulo, amito e estola para expor (ou batina, sobrepeliz e estola), e mais o pluvial para a bênção e reposição; quando for pegar o ostensório para a benção, usa-se também, por cima do pluvial, o umeral. Tudo na cor branca ou festiva.

Antes de dar a bênção, com o padre ou diácono com pluvial, mas sem umeral, canta-se ou recita-se o Te Deum, e só depois o Tantum Ergo.

Se não houver exposição, pode-se fazer a recitação ou canto do Te Deum, ainda assim de modo solene: o padre ou diácono de alva, cíngulo, amito, estola e pluvial (ou batina, sobrepeliz, estola e pluvial), sempre brancos ou festivos os paramentos. O padre ou diácono, revestido de tais paramentos chega até o presbitério, ou os degraus do mesmo, genuflete ao tabernáculo (ou prostra-se ao altar, se não houver tabernáculo), faz o sinal-da-cruz, acompanhado de todos, usa a saudação litúrgica costumeira ("Dominus vobiscum"), e pode pregar uma pequena homilia. Após a homilia, canta-se ou recita-se o Te Deum, terminando com a oração conclusiva que o segue, e uma bênção simples.

O padre ou diácono pode contar com acólitos. Se for com Exposição, deverão existir esses acólitos.

O texto em latim do Te Deum está aqui.

O Te Deum é comumente celebrado como ação de graças no último dia do ano civil, e em festas pátrias importantes: no 7 de Setembro (Dia da Pátria), por exemplo, ou no dia 22 de Abril (Descobrimento do Brasil), ou, no caso do Rio Grande do Sul, no 20 de Setembro (Dia do Gaúcho ou Dia da Revolução Farroupilha, data magna do Estado). Na comemoração de grandes batalhas históricas, ou em ação de graças pelo fim de uma guerra (ou vitória em uma guerra justa), ou, então, após um grande feito que necessitou da especial ajuda de Deus (resgate de feridos após um terremoto, ou esses mineiros recém socorridos no Chile), também se pode cantar ou recitar o Te Deum.

Ladainhas solenes

Existem algumas ladainhas que constam do Ritual Romano, quer da forma ordinária, quer da extraordinária, e são atos litúrgicos, i.e., oficiais para o culto católico. São usadas em diferentes situações, podendo constituir celebrações independentes.

Assim, na Solenidade do Sagrado Coração de Jesus, ou em sua novena preparatória, ou nas primeiras sextas-feiras do mês, ou ainda em todo o mês de junho, se poderia, por exemplo, fora da Missa, instituir a recitação ou canto solene da Ladainha do Sagrado Coração de Jesus.

Ou, durante o mês de julho, principalmente no dia 1º, poder-se-ia cantar ou rezar a Ladainha do Preciosíssimo Sangue de Cristo.

Em todos os dias do mês de maio, ou nas solenidades, festas e memórias da Santíssima Virgem, ou nos sábados, a ladainha seria a de Nossa Senhora. Na memória do Santíssimo Nome de Jesus, a ladainha própria referente a essa devoção. Já nas primeiras quintas-feiras de cada mês ou na comemoração votiva de Nosso Senhor Jesus Cristo, Sumo e Eterno Sacerdote, a Ladainha de Nosso Senhor Jesus Cristo, Sacerdote e Vítima, pela Santificação do Clero. Em Pentecostes e sua oitava, ou no primeiro dia do ano, a Ladainha do Espírito Santo (seguida ou antecedida pelo Veni Creator, se for oportuno). Nas quartas-feiras, e nas festas josefinas, a Ladainha de São José. Nos Domingos e nas sextas-feiras ou na solenidade de Todos os Santos, pode-se rezar a Ladainha de Todos os Santos.

Todas essas ladainhas podem ser usadas de modo privado pelos fiéis, ou em coro na igreja ou fora dela. Mas, para a proposta que ora apresentamos, convém fazer de seu canto ou recitação uma autêntica cerimônia.

O padre ou diácono usa alva, amita, cíngulo, estola e pluvial (ou batina, sobrepeliz, estola e pluvial), e faz como no Te Deum acima descrito. Em lugar do canto do Te Deum, recita-se ou canta-se a ladainha correspondente.

Pode-se fazer de outro modo também, processional. Em outra igreja ou recito apartado da igreja, inicia-se com o sinal-da-cruz e a saudação. Durante a procissão, se canta ou recita a ladainha, e, chegando na igreja, o clérigo vai até o altar, venera-o ou adora o Santíssimo no tabernáculo, e reza a oração conclusiva, dando a bênção.

É possível também combinar a ladainha com a Exposição do Santíssimo Sacramento, caso em que se a recita com o Senhor solenemente exposto, antes do Tantum Ergo, e os paramentos serão, facultativamente, da cor correspondente à ladainha ou, então, brancos ou festivos.

Para as ladainhas de Todos os Santos, Nossa Senhora, Sagrado Coração de Jesus, Santíssimo Nome de Jesus e São José, usam-se paramentos brancos ou festivos. Nas ladainhas do Espírito Santo, Preciosíssimo Sangue de Cristo, e Nosso Senhor Jesus Cristo, Sacerdote e Vítima, paramentos vermelhos ou festivos.

Fora da Exposição, pode haver acólitos. Com ela, devem.

Os textos das ladainhas, em latim, estão abaixo:

Ladainha de Todos os Santos (o texto é da forma extraordinária, com os santos acrescentados pelo Ritual da forma ordinária entre colchetes... como a forma ordinária permite adaptação na ladainha, pode-se usar essa mistura de formas)

Ladainha do Sagrado Coração de Jesus

Ladainha do Preciosíssimo Sangue de Cristo

Ladainha do Santíssimo Nome de Jesus

Ladainha de Nosso Senhor Jesus Cristo, Sacerdote e Vítima (em português e latim, conforme o texto oficial da Congregação para o Clero, que a aprovou, não constando nos livros litúrgicos, entretanto)

Ladainha do Espírito Santo

Ladainha de Nossa Senhora

Ladainha de São José

Sete Salmos Penitenciais

É costume, nas sextas-feiras da Quaresma, e outras ocasiões penitenciais, rezar ou cantar os Sete Salmos Penitenciais, dispostos no Ritual Romano da forma extraordinária. Não são salmos para escolher: a cerimônia é a reza dos sete, um após o outro, com a antífona e a oração própria.

Se se quer dar maior solenidade, faz-se como descrito nas ladainhas e no Te Deum. Após os Salmos, canta-se ou recita-se a Ladainha de Todos os Santos. Pode-se celebrar com o Santíssimo exposto. Fora da Exposição, pode haver acólitos. Com ela, devem.

O texto dos Sete Salmos Penitenciais, em latim, está aqui.

Antífonas marianas

Da mesma forma e com os mesmos paramentos descritos acima, sempre da cor branca ou festiva, podendo-se, onde houver indulto, utilizar-se o azul, canta-se ou reza-se, em latim ou vernáculo, de modo solene, de preferência diante de uma imagem ou quadro da Bem-aventura Virgem Maria, uma antífona conforme o tempo litúrgico: Salve Regina,Regina CoeliAve Regina Caelorum, ou Alma Redemptoris Mater.

É tradicional que se o faça fora da Exposição ao Santíssimo, podendo-se cantar ou rezar depois da reposição no tabernáculo, mas sempre como último ato litúrgico da noite. Como rito originário, é parte do Ofício das Completas, sem a oração que segue a antífona, mas quem não recita a Liturgia das Horas pode usar a cerimônia de modo independente e com a oração própria. Uma paróquia pode fazer celebrar essa antífona como uma oração da noite nos sábados, em tempo relativamente afastado da Missa, convocando-se o povo com o sino.

Bênçãos solenes

Outros ritos que podem ser facilmente implementados em uma paróquia são as bênçãos dadas de modo solene, com paramentos. Se bem que todo sacerdote e diácono possa e deva impartir a bênção de modo simples e espontâneo sobre coisas, pessoas e lugares, é bastante conveniente que use o texto liturgicamente disposto nos livros.

Mais ainda: aproveitar a ocasião e colocar uma estola com sobrepeliz, se estiver usando veste talar, ou, na falta dela, uma alva, amito, cíngulo e estola. Um pluvial também pode ser usado.

O Ritual Romano, quer da forma ordinária, quer da extraordinária, traz inúmeros textos para bênçãos de infindáveis situações de vida, locais, objetos, famílias, indivíduos. Se bem que o Ritual da forma extraordinária seja mais generoso na apresentação das variadas bênçãos, uma para cada situação, e sempre com um versículo ou salmo, o da forma ordinária é melhor disposto para que a bênção seja uma autêntica celebração, incluindo leituras da Palavra de Deus, ladainhas, preces e a oração conclusiva. Todavia, é bom que se frise, o Ritual novo elimina, na prática, a distinção entre as bênçãos invocativas e constitutivas, sendo pobre na própria bênção, conforme o Pe. John Zuhlsdorf, pelo que recomendamos, se for usar o texto em latim, faça-o com o Ritual antigo.

Procissões solenes

Uma outra dica é solenizar as procissões, fazendo-as como manda a tradição litúrgica da Igreja. Use o padre ou o diácono uma batina com sobrepeliz, estola e pluvial, ou alva, amito, cíngulo, estola e pluvial.

Para procissões do padroeiro ou titular da igreja, a cor correspondente. Para procissões do Senhor Morto, na noite de Sexta-feira Santa, a cor da estola e do pluvial é o preto. Para o Senhor dos Passos, na Semana Santa, o roxo ou o preto. Para procissões penitenciais (pedindo o fim de uma guerra ou por ocasião de uma calamida pública ou uma doença, ou perdão dos pecados públicos), o roxo. Pode-se ter as procissões - constantes do Ritual Romano de ambas as formas - para pedir chuva, para repelir tempestades, para abençoar as colheitas ou o plantio, de ação de graças. Ou, então, para transladar relíquias (que, no caso dos mártires, pedirá a cor vermelha). Procissões no Tempo Comum sem caráter penitencial e sem envolver uma festa específica pedirão a cor verde dos paramentos.

A procissão não é apenas um amontoado de gente caminhando. Deve haver certa solenidade. Vários acólitos, em alva e cíngulo, ou em batina e sobrepeliz. Tocheiros. Turiferário e navetário, com incenso. Cruciferário ladeado de ceroferários. Diáconos com dalmáticas ou pluviais. O sacerdote, se oportuno, usando o seu barrete, ou o Bispo com sua mitra (simples nas penitenciais, exequiais e quaresmais, ornada nas demais). Haja uma ordem também: confrarias, associações de fiéis, institutos religiosos.

Se uma relíquia for transladada, pode ser usado um baldaquino para cobri-la, e um véu umeral da cor adequada por quem a transportar. Uma imagem deve ser carregada de modo solene também.

Junto a cânticos populares, entoem-se hinos gregorianos, ladainhas, e use-se o rito disposto no Ritual. Na forma extraordinária, esse rito tem algumas características e antífonas.

terça-feira, 9 de novembro de 2010

TORNAR-SE PADRE


Dom Eusébio Oscar Scheid

Tornar-Se Padre Um caminho que exige vocação, generosa resposta ao chamado divino, e muita capacidade de estudar e trabalhar. Por Dom Eusébio Oscar Scheid um dado curioso como hoje muitos falam da vocação sacerdotal, do que é ser padre, expressando opiniões sobre o assunto, embora o desconheçam quase completamente. À Medida que a nossa civilização vai perdendo o senso do sagrado, torna-se mais difícil compreender a pessoa de alguém como o padre, profundamente envolvido com o mistério divino, que implica uma consagração de toda a vida à glória de Deus e ao serviço dos irmãos. Assim se explica, por exemplo, que alguém possa deixar sua pátria e sua gente para ser missionário do outro lado do mundo. O Brasil se beneficiou grandemente desse ímpeto evangelizador, no começo de sua história, marcada pela presença pioneira de abnegados missionários, como jesuítas, os franciscanos e membros de outras ordens religiosas, que cristianizaram o nosso país. Como alguém se torna padre? Eu gostaria de abordar alguns pontos referenciais a esse respeito. Em primeiro lugar, ninguém escolhe tal caminho; é escolhido. Toda vocação é um chamado, ao qual se responde com convicção. Assim também acontece comigo. Evidentemente, Jesus, em pessoa, não veio me chamar, como o fez com os Apóstolos. A nós, Ele chama através de circunstâncias. Eu era coroinha desde muito cedo, tocava o sino e cuidava das coisas do redor do altar. Esse hábito de servir na casa do Pai cria, por parte da criança e do jovem, uma expectativa que propicia o acolhimento da vocação, que Deus poderá vir suscitar. Para responder ao chamado, o futuro padre conta, sobretudo, com o auxílio da graça de Deus, que irá configurá-lo à Pessoa do Cristo, como continuador de sua missão. Entretanto, a par da docilidade à ação divina, é preciso ter qualidades essenciais, que permitam o exercício do ministério sacerdotal. Essas qualidades abrangem: - dotes naturais, como saúde física e mental, inteligência desperta e viva – e qualidades morais, como integra de caráter, coragem e perseverança. A conjugação de todos esses requisitos será avaliada ao longo de um ano, que chamamos de “Propedêutico”, durante o qual o candidato é acompanhado e orientado na sua vocação, enquanto faz a transição da realidade em que vivia, para uma experiência toda voltada ao serviço na Igreja. Isto inclui o aprofundamento da própria espiritualidade, e a preparação para a vida comunitária e para os estudos acadêmicos. O seminário é, verdadeiramente, a sementeira onde se aprimora o crescimento dessa “planta” da vocação. O elemento que manifesta, desde o início, a autenticidade do chamado é a piedade do candidato: ter gosto pela oração, aprofundando sua fé no diálogo com Deus, de modo a estabelecer com Ele um relacionamento de intimidade. Esse amor às coisas de Deus deve se desenvolver num espírito de adesão filial á Igreja, ao Papa e aos bispos, como presença sacramental do próprio Cristo no mundo. A comunhão com Deus leva à comunhão com os irmãos. O seminarista precisa ter espírito comunitário. Saber viver em grupo, em comunidade, não é fácil, mas é valioso apoio, sobretudo neste mundo, marcado pelo individualismo e pela solidão. Os padres pertencentes a congregações religiosas vivem, normalmente em comunidades. Mas é bom que também os padres diocesanos, sempre que possível, residam juntos numa casa paroquial. É um ideal a ser atingido. É claro que o padre nunca está sozinho, porque serve ao povo. Esta é a outra dimensão comunitária de sua vida, que ele precisa amar com generosidade, para poder realizar num fecundo trabalho pastoral. O seminarista recebe formação nessa área, auxilia em diversas pastorais, para desenvolver espírito de pastor, guia, líder, que saiba conduzir seu povo pelos caminhos da fé, da moral e do são humanismo. O ideal seria que o candidato, o futuro padre, viesse de uma família bem estruturada que lhe tivessem fornecido toda segurança emocional e material necessária. Mas isso nem sempre acontece, principalmente, nos dias de hoje. Por isso, tal requisito não é considerado impedimento para um vocacionado, desde que ele reconheça as dificuldades que precisa superar, e encontre apoio numa formação bem orientada. Há candidatos, oriundos de famílias problemáticas, que se tornaram ótimos padres. O trabalho nas diversas Pastorais da Igreja pressupõe o preparo apurado dos candidatos ao sacerdócio. Na Pastoral Familiar, por exemplo, aprende-se como lidar com as famílias e seus problemas. A Pastoral Catequética requer capacidade de diálogo com crianças e jovens,e também com aqueles que orientam: pais e catequistas. A Pastoral Vocacional exige entusiasmo e acolhimento ao jovem, no discernimento dos rumos de sua vida. A Pastoral da Caridade Social exerce a dificílima missão de atendimento aos mais carentes. Na Pastoral da Saúde, o jovem seminarista aprende a conhecer a psicologia do enfermo, como falar e rezar com ele. A Pastoral da Criança atua na formação para uma paternidade responsável. A Pastoral da Terceira Idade propicia o intercâmbio entre o entusiasmo da juventude e o convívio é espiritualmente enriquecedor. Entretanto, nenhum trabalho poderia ser bem fundamentado, sem a necessária formação intelectual. O estudo específico para o sacerdócio exige, como requisito, o Ensino Médio, um ano de Propedêutico e mais sete anos de estudo acadêmicos. Estes estudos dividem-se em duas etapas, a começar pelo curso universitário de Filosofia, com duração de três anos. A filosofia é um estudo pouco conhecido hoje, mas imprescindível para nortear a visão do jovem sobre o homem, inserido no mundo e na história, sua linguagem e a lógica de pensamento, sua capacidade de transcender a realidade puramente material. A história da cultura filosófica, com as teorias dos mais diversos pensadores, é um retrato da pluralidade de contemporânea, com a qual o padre e o bispo têm que se defrontar, no exercício de sua missão. É estudo profundo, complexo e difícil. Sobre esta base, assenta-se a grande construção espiritual de quatro anos de estudos, na Faculdade de Teologia. Aqui no Rio de Janeiro, os seminaristas diocesanos cursavam a Faculdade de Teologia, ligada à PUC, no próprio campus a ele destinado, no Seminário São José. O curso está aberto, também, a religiosos e leigos que se disponham a enfrentar este difícil estudo. As disciplinas que compõe a Faculdade de Teologia abrangem as bases da nossa fé, sob os enfoques fundamental, sistemático e moral. Além disso, temos o estudo da Sagrada Escritura, do hebraico e do grego, da estrutura da igreja, a partir da sua fundação por Jesus Cristo, e da sua obra santificadora, na Liturgia e na Espiritualidade. Os seminaristas também têm a oportunidade de aprender o latim e de se aperfeiçoarem nas línguas modernas, entre as quais a nossa própria língua. Aprendem a arte de falar em público e de usar os meios de comunicação social. Estudam a psicologia humana, como base para ministrar o sacramento da confissão e para o aconselhamento a quem se encontra em dificuldade ou sem rumo na vida. Esta foi, apenas, uma breve abordagem do que significa a preparação para o sacerdócio. Ser padre exigem vocação, generosa resposta ao chamado divino, e muita capacidade de estudar e trabalhar. Antes de criticar ou apresentar pretensas soluções, baseadas no “achismo”, procuremos conhecer o processo para formação de um padre, para podermos avaliar melhor o significado e o objetivo da experiência preparatória pelo qual ele passou. Esse conhecimento suscitará, sem dúvida, o desejo de colaborar com ele, colocando-nos em sintonia com o se trabalho na Igreja, que reverte sempre em nosso benefício e no de toda a Comunidade. (Revista Paróquias & Casas Religiosas, ano 2, n. 10, janeiro/fevereiro 2008, p. 46-47)


Fonte: http://sacerdoteadaeternum.blogspot.com/2010/05/tonar-se-padre-um-caminho-que-exige.html