Arquivo Litúrgico

domingo, 31 de outubro de 2010

Padre, use o preto em finados, mesmo na forma ORDINÁRIA!

Fonte: www.salvemaliturgia.com
Ao contrário do que muitos pensam, o preto não foi abolido, como cor litúrgica, de nossos paramentos para as Missas e Ofícios de defuntos. Ele apenas restou facultativo, ao lado do igualmente opcional roxo.

E não estou falando do rito antigo. É do rito novo mesmo, a forma ordinária, pós-conciliar. É o rito moderno que permite, na esteira do que sempre se usou, o preto.

Para a "reforma da reforma", nada melhor do que manter a tradição. O rito romano sempre utilizou o preto nas celebrações exequiais. Eis aí um modo prático de nos situarmos na hermenêutica da continuidade, de que o Papa Bento XVI, tem falado.

Embora, pelo Novus Ordo, o roxo seja lícito, o melhor é resgatar o preto, lícito, porém esquecido. Ele é bem mais significativo, deixando o roxo apenas para os tempos penitenciais. Usar o preto deixa bem clara a distinção entre a Quaresma e o dia de finados, por exemplo.

Além de ser esteticamente bem mais apropriado. A mensagem transmitida por um sacerdote com sua casula negra é impactante. Não é de símbolos que o homem moderno para a nova evangelização ser eficaz?

Vejam alguns modelos de casulas góticas e romanas na cor negra:















Abaixo, fotos de Missas com paramentos pretos:




Benedictine Altar Arrangement

O PROBLEMA DA LITURGIA CENTRADA NA COMUNIDADE, NÃO EM DEUS


O Cardeal Cañizares, prefeito da Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos, da Santa Sé, concedeu uma fantástica entrevista em que denuncia certos aspectos do modo como hoje se celebra, na maioria das igrejas, oratórios e capelas, a Santa Missa na forma ordinária do rito romano. Sua principal crítica é ao antropocentrismo (o homem no centro) de certos celebrantes, que não entendem a verdadeira dimensão do culto litúrgico, que deve ter Deus por destinatário. 
É bem verdade o que diz o Purpurado. Nos últimos anos, por uma terrível má compreensão da reforma litúrgica, espalhou-se, mundo afora, uma concepção errônea de que a Missa deve ser para o povo, deve estar centrada nos fiéis. A própria popularização da celebração versus populum, o verdadeiro ódio ao latim, o aposentar do canto gregoriano e da polifonia sacra, a introdução de um comportamento infantil por parte de alguns celebrantes, a desobediência às rubricas, e a contínua e ilegítima criatividade, são parte do problema. 
Não se tira a responsabilidade do modo como o Mons. Bugnini, nos anos 60, conduziu a reforma litúrgica, enganando Paulo VI, que se encontrava em profunda crise de depressão bem na época em que a esmagadora maioria do episcopado lhe virava as costas por conta de sua firmeza na defesa da moral matrimonial. Todavia, mais do que certos defeitos das rubricas, e verdadeiros "crimes" feitos na amputação de nossa tradição litúrgica (não insistindo no versus Deum, por exemplo, ou "assassinando" nosso ofertório tradicional de verdadeiras feições sacrificais, substituindo-o por um arremedo de ofertório judaico muitíssimo simplório, ou, então, a completa retirada de nossas belíssimas e significativas "orações ao pé do altar" e do "último Evangelho", a falta de ênfase no latim como língua litúrgica, simplificações desnecessárias etc), os grandes problemas estão, na realidade, na desobediência pura e simples ao Missal e aos fartos documentos que mandam como deve ser a Missa. 
Sim, não negamos que a reforma teve aspectos negativos, e isso o próprio Papa Bento XVI vem dizendo desde seu cardinalato. Sem embargo, ainda que com defeitos, as rubricas e o texto da Missa na hoje chamada forma ordinária, mantém a sacralidade, e uma mínima indicação de que se trata de um sacrifício. O erro atual não é tanto da reforma litúrgica feita na época de Paulo VI - embora tenha sua parcela de culpa -, mas de simples ignorar das próprias rubricas. 
É bem verdade que o rito atual precisa ser melhorado - e o será na medida em que, naturalmente, for influenciado pelo rito antigo, tornado forma extraordinária e liberado justamente para essa função de enriquecimento em uma "reforma da reforma" -, mas as rubricas desse rito atual NÃO dizem que é para esquecer a casula, NÃO dizem que é para celebrar a Missa sem aquela atmosfera sacra tão necessária, NÃO dizem para fazer de conta que o gregoriano e o latim não existem, NÃO dizem que está proibido o versus Deum, NÃO dizem para aposentar o incenso, a compostura, a noção de que se está diante do Altíssimo, NÃO dizem para "dar bom-dia" aos fiéis, NÃO dizem para deixar de lado o cristocentrismo. 
Rezemos pela reforma da reforma, e façamos a nossa parte: promovendo um adequado culto litúrgico na forma ordinária, com todos os aspectos positivos que ela contém, e valorizando a forma extraordinária para que se torne popular e possa influenciar aquela.