Arquivo Litúrgico

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Um dia sagrado | Dia de Natal | Música para a Liturgia

Um dia sagrado brilhou sobre nós.
Vinde, ó povos adorar o Senhor,
porque uma grande luz desceu sobre a terra.
Exultam de alegria os povos da terra, porque o Senhor vem salvar-nos. Aleluia.
O Senhor é rei: exulte a terra,
rejubile a multidão das ilhas.
Ao seu redor, nuvens e trevas,
a justiça e o direito são a base do seu trono.

Os seus relâmpagos iluminam o mundo,
a terra vê-os e estremece.
Os céus proclamam a sua justiça
e todos os povos contemplam sua glória.



fonte: Joaquim dos Santos, o compositor

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

CONFIRMAR A FIDELIDADE ÀS NORMAS LITÚRGICAS COMO TESTEMUNHO DE AMOR PELA EUCARISTIA

CARDEAL JOACHIM MEISNER
Arcebispo de Colónia (Alemanha)

Na proximidade da Solenidade do «Corpo e Sangue de Cristo», é oportuno recordar a importância que o Mistério Eucarístico tem na vida da Igreja. Embora o tema desta Instrução já tenha sido tratado nestas páginas, a voz autorizada do Cardeal Meisner, Arcebispo de Colónia, escritas dentro do Ano da Eucaristia, poderá servir-nos a todos, sacerdotes e leigos, para fazer um pouco de balanço sobre o que temos feito ou poderíamos fazer ainda, tendo em conta a grandiosidade do Mistério da Fé.

1. Motivo
A 25 de Março de 2004, a Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos promulgou a Instrução Redemptionis Sacramentum. O documento foi publicado em colaboração com a Congregação para a Doutrina da Fé; ele trata das normas a serem seguidas e dos abusos a serem evitados na celebração do Sacramento da sagrada Eucaristia. A actual instrução tem a sua origem no desejo explícito do Papa, que na sua Encíclica Ecclesia de Eucharistia formulou o desejo de recordar e confirmar com amor, através de um documento adequado, a fidelidade às normas litúrgicas como testemunho de amor pela Eucaristia, «fonte e ápice de toda a vida cristã» (LG 11). A Instrução deve ser lida e interpretada à luz da Encíclica com a qual está intrinsecamente relacionada. A Eucaristia é o dom mais precioso deixado pelo Senhor à Igreja para que fosse fielmente guardado: «Fazei isto em memória de Mim», disse o Senhor quando instituiu o Sacramento, explicitando a sua vontade. Em todos os tempos, a Igreja cumpriu este mandamento com grande fidelidade e clareza. Encontra-se aqui o lugar teológico para a compreensão da nova Instrução.

A Instrução não tem novas regras litúrgicas e não tem sequer como finalidade propor uma suma das normas eclesiais sobre a sagrada Eucaristia. A sua finalidade é assumir alguns elementos das normas promulgadas e esclarecer e completar as normas já em vigor (cf. RS 2).

2. Ritos e normas da liturgia
A forma e o conteúdo são uma realidade indispensável na vida humana. Onde se perde a forma, também o conteúdo se fragmenta. Isto é válido particularmente para os gestos litúrgicos e para os ritos de culto, de modo especial na celebração eucarística.

No culto celebrado pela Igreja através dos séculos, o conteúdo criou as formas correspondentes nas mãos da Igreja que reza. A fidelidade ao Senhor e ao seu povo obriga a Igreja a fazer isto também no tempo presente. As formas ou os ritos não são de segunda categoria nem supérfluos, mas supõem um valor substancial para o culto da Igreja. A liturgia nunca é propriedade privada de um sacerdote ou de uma comunidade, mas culto da Igreja universal (cf. Ecclesia de Eucharistia, 52). O povo de Deus tem direito à Santa Missa celebrada de modo autêntico segundo as normas litúrgicas. Em relação aos ritos e aos gestos da liturgia não se trata de praxis, mas de sinais externos que indicam o valor interior da celebração, oferecendo o sacrifício que Cristo realizou na cruz e propondo a ressurreição do Senhor. Para o sacerdote e para a comunidade trata-se de meditar e cumprir as formas exteriores, partindo do seu conteúdo.

Para alcançar esta finalidade, a Instrução realça tanto a obrigação dos ministros sagrados como o direito de cada fiel: a obrigação e o direito a ter a verdadeira liturgia, a que foi estabelecida e prescrita pela Igreja; a obrigação e o direito ao santo sacrifício da Missa celebrada, de modo autentico segundo a doutrina do Magistério eclesial; a obrigação e o direito de excluir todos os abusos e gestos que manifestem divisões na celebração do Sacramento da unidade (cf. RS 12). Por isso, o documento é também um contributo para a tutela dos direitos de todos os fiéis no interior da Igreja.

3. Normas fundamentais
A Instrução inclui (além da introdução e da parte final) oito capítulos que realçam diferentes aspectos da Eucaristia. São recordadas normas fundamentais, por exemplo sobre os detentores da autoridade eclesiástica e sobre as diversas competências acerca da regulamentação da liturgia e sobre o direito a tutelar a integridade da Santa Missa (capitulo l). Além disso, são propostos os remédios contra os abusos descritos: a necessidade da formação bíblica e litúrgica de todos os fiéis; a possibilidade de enviar reclamações aos órgãos competentes da Igreja particular e universal, especialmente ao Bispo diocesano (capítulo VIII). Os temas da participação dos fiéis leigos na Eucaristia (capítulo II) e das suas tarefas extraordinárias (capítulo VII) têm um papel fundamental para a teologia e para o direito.

Em sintonia com a Encíclica Ecclesia de Eucharistia, a ideia central encontra-se na acentuação da necessidade fundamental de um sacerdote validamente ordenado para a celebração eucarística autêntica e na definição da participação dos fiéis leigos. A Santa Missa está intrinsecamente relacionada com o serviço do sacerdote ordenado que ensina, santifica e guia os fiéis in persona Christi capitis.

Desta forma, «a Eucaristia celebrada pelos sacerdotes é um dom de Deus, um dom que «supera radicalmente o poder da assembleia» (RS 42). Ao mesmo tempo a estrutura hierárquica do povo de Deus manifesta-se na celebração eucarística, quando todos os fiéis são chamados a participar activamente no sacrifício eucarístico com o canto, as respostas, os gestos, o silêncio, e com funções litúrgicas especiais (leitor, acólito, ministro extraordinário da Comunhão, sacristão, organista, cantor, ministrante). Contrariamente a quanto «pretendia saber» uma indiscrição publicitada antes de aparecer oficialmente a Instrução, admite-se explicitamente uma participação das mulheres e das meninas no serviço litúrgico segundo as normas litúrgicas (cf. RS 47).

Sempre e em toda a parte a acção litúrgica deve levar ao «sentido interior» e a uma grande admiração perante a «profundidade daquele mistério de fé. (RS 40 e 44). A Instrução recorda como ideal litúrgico «a relação complementar» dentro da acção litúrgica, como indica o Concílio Vaticano II (SC 28): ministros e fiéis realizem «só e tudo o que é da sua competência» (RS 44).

4. Normas especiais
Alguns aspectos do Sacramento eucarístico são tratados, juntamente com os preceitos correspondentes e os abusos concretos, em quatro capítulos (cap. III-VI) que realçam em primeiro lugar os elementos essenciais para a recta celebração da Santa Missa que é um único acto de culto através da unidade intrínseca entre liturgia da palavra e celebração eucarística. Fala-se de questões relativas à matéria eucarística (portanto, pão e vinho). Além disso, é recordado o uso exclusivo das orações eucarísticas legitimamente aprovadas pela Santa Sé, as quais podem ser recitadas unicamente (excepto as aclamações) pelo sacerdote (cf. RS 51 ss,). Confirmam-se os elementos pertencentes à liturgia da palavra: a dignidade invariável das leituras bíblicas (cf. RS 61 s.), que não podem ser substituídas por qualquer outro texto, e a dignidade do evangelho e da homilia na celebração eucarística, reservados ao sacerdote e ao diácono (cf. RS 63).

O quarto capítulo (cf. RS 80-107) confirma a normativa sobre a recepção da sagrada Comunhão indicada na Encíclica eucarística. Em relação à Comunhão de cristãos não católicos, a Instrução limita-se a recordar as afirmações do cânone 844 CIC/1983 e as exposições da Encíclica Ecclesia de Eucharistia (cf. RS 85). De resto, a Instrução indica a necessidade da recta disposição para quem se aproxima da Sagrada Comunhão. Isto significa particularmente que, no caso de um pecado grave, há necessidade de procurar primeiro a Confissão sacramental para uma recepção frutuosa do Sacramento (cf. RS 81).

O quinto capitulo (cf. RS 108-128) refere-se a questões inerentes à manifestação exterior da Eucaristia, por exemplo sobre o lugar da Eucaristia (cf. RS 108 ss.), os vasos sagrados (ibid. 117ss.) e as vestes litúrgicas (ibid. 121 ss.). Neste ponto, a Instrução recorda os preceitos correspondentes. É fundamental, o «fio condutor», que tudo deve ser realizado segundo a inteligência da fé e que cada celebração eucarística, mesmo a que é feita em grupos pequenos, deve ser sempre entendida como celebração da Igreja universal, e por conseguinte, libertada da arbitrariedade privada (cf., ibid. 114), Não somos nós que fazemos a liturgia, mas nós aproximamo-nos da liturgia da Igreja que é ao mesmo tempo uma imagem da liturgia celeste.

O sexto capítulo (cf. RS 129-145), por fim, ocupa-se da custódia da santa Eucaristia no Tabernáculo (cf. ibid. 129 ss.) e da sua veneração fora da Santa Missa na adoração (cf. ibid. 134 ss.), nas procissões e nos congressos (cf. RS 142

5. A Instrução como desafio e encorajamento
Redemptionis Sacramentum – Quem segue com fidelidade os preceitos litúrgicos, quem celebra a sagrada liturgia, especialmente a Eucaristia, em unidade com a Igreja universal, quem participa nela com a mesma fidelidade, manifesta o seu amor a Cristo. Ao mesmo tempo é testemunhado o amor à Igreja e a responsabilidade face ao direito de todos os fiéis de encontrar no Sacramento o Redentor de modo autêntico. É tarefa da Igreja salvaguardar este encontro e, por conseguinte, a verdade da celebração litúrgica. Através dos seus preceitos jurídicos e litúrgicos, a Igreja protege a liturgia para que se destaque que ela é um encontro entre Deus e os homens, e não se caia nunca numa acção meramente humana.

Como fruto da Encíclica eucarística, a Instrução constitui um desafio importante para cada ministro sagrado. Há necessidade de um sério exame de consciência em relação à verdade e à fidelidade da sua acção como ministro da liturgia, que nunca é propriedade privada, mas permanece sempre o tesouro da Igreja, não disponível ao arbítrio humano. O documento refere-se em igual medida a todos os que estão comprometidos na educação litúrgica.

Além disso, a Instrução é também um encorajamento propício para todos os fiéis, a fim de que tenham confiança no facto de que a Igreja, para a salvação das almas, sabe proteger de abusos os seus direitos relativos ao Sacramento eucarístico. Já por estes motivos é preciso desejar que o documento alcance uma recepção e uma realização protegida pela bênção divina.


(*) L´Osservatore Romano, n. 32- 6 de Agosto de 2005, pág. 6

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

SOBRE O MINISTRO DO SACRAMENTO DA UNÇÃO OS DOENTES

fonte: cliturgia

Com data de 11-02-05, a Congregação para a Doutrina da Fé publicou uma nota acerca do ministro do sacramento da Unção dos Doentes, a fim de prevenir o perigo de se levar à prática certas tendências teológicas que põem em questão a doutrina da Igreja. A Nota vem seguida de um comentário elucidativo da mesma Congregação


O c. 1003 § 1 do Código de Direito Canónico (cf. c 739 § 1 do Código dos Cânones das Igrejas Orientais) retoma exactamente a doutrina expressa pelo Concílio Tridentino (Sessio XIV, c. 4: DS 1719; cf. Catecismo da Igreja Católica, n. 1516), segundo a qual somente os sacerdotes (Bispos e presbíteros) são ministros do sacramento da Unção dos Doentes.
Esta doutrina é definitive tenenda. Portanto, nem os diáconos nem os fiéis leigos podem exercer o dito ministério, e qualquer acção em tal sentido constitui uma simulação do sacramento.
Dado em Roma, na Sede da Congregação para a Doutrina da Fé, a 11 de Fevereiro de 2005, Memória da Santíssima Virgem Maria de Lurdes.
X Joseph Card. Ratzinger, Prefeito
X Angelo Amato, S.D.B., Arcebispo titular de Sila, Secretário


Comentário
Nestas últimas décadas surgiram algumas tendências teológicas que põem em dúvida a doutrina da Igreja segundo a qual o ministro do sacramento da Unção dos Doentes «est omnis et solus sacerdos».
A questão tem sido encarada, sobretudo, do ponto de vista pastoral, tendo em atenção, especialmente, aquelas regiões em que, devido à escassez de sacerdotes, se torna difícil a oportuna administração do sacramento, dificuldade que poderia ser resolvida se os diáconos permanentes e alguns leigos qualificados pudessem ser delegados como ministros do sacramento.
Nota da Congregação para a Doutrina da Fé quer chamar a atenção para estas tendências, a fim de prevenir o perigo de que se procure pô-las em prática, em detrimento da fé e com grave dano espiritual para os doentes a quem se quer ajudar.
A teologia católica viu na Carta de São Tiago (cf. 5, 14-15) o fundamento bíblico do sacramento da Unção dos Doentes. O autor da Carta, depois de ter dado diversos conselhos sobre a vida cristã, apresenta também uma norma para os doentes: «Está entre vós algum enfermo? Chame os presbíteros da Igreja, e estes façam orações sobre ele, ungindo-o com óleo em nome do Senhor: a oração da fé salvará o enfermo e o Senhor o aliviará; se estiver com pecados, ser-lhes-ão perdoados».
Neste texto, a Igreja, sob a acção do Espírito Santo, reconheceu no decorrer dos séculos, os elementos essenciais do sacramento da Unção dos Doentes, que o Concílio de Trento (Sessio XIV, caps. 1-3, cc. 1-4: DS 1695-1700, 1716-1719) propõe em forma sistemática:
a) sujeito: o fiel gravemente enfermo;
b) ministro«omnis et solus sacerdos»;
c) matéria: a unção com o óleo consagrado;
d) forma: a oração do ministro;
e) efeitos: a graça salvífica, o perdão dos pecados e o alívio do enfermo.

Prescindindo agora de outros aspectos, interessa-nos aqui sublinhar o dado doutrinal relativo ao ministro do sacramento, a que se refere exclusivamente a Nota da Congregação.
As palavras gregas da Carta de São Tiago, «tous presbitérous tes ekklesías» (5, 14), que a Vulgata traduz como «presbyteros Ecclesiae», em consonância com a tradição, não podem referir-se aos anciãos em idade da comunidade, mas àquela categoria particular de fiéis que, pela imposição das mãos, o Espírito Santo tinha colocado para pastorear a Igreja de Deus.
O primeiro documento do Magistério que fala explicitamente da Unção dos Doentes é uma carta do Papa Inocêncio I a Decéncio, Bispo de Gubio, de 19 de Março de 416. O Papa, comentando as palavras da Carta de São Tiago, e reagindo à interpretação das mesmas segundo a qual somente os presbíteros seriam ministros do sacramento, excluindo os Bispos, rejeita esta limitação, afirmando que os ministros do sacramento são os presbíteros e também o Bispo (cf. DS 216).
A carta do Papa Inocêncio I, como também outros testemunhos do primeiro milénio (Cesário de Arlés, Beda o Venerável), não apresentam, em todo o caso, prova alguma da possibilidade de admitir não sacerdotes como ministros do sacramento da Unção dos Doentes.
No Magistério e na legislação posterior, até ao Concílio de Trento, encontram-se os seguintes dados: Graciano, no seu Decretum (ca. 1140), recolhe quase literalmente as disposições da já mencionada carta de Inocêncio I (parte 1, dist. 95, c. 3). Depois, nas Decretais de Gregório IX insere-se uma das Decretais de Alexandre III (1159-1164), na qual responde afirmativamente à questão se o sacerdote pode administrar o sacramento da Unção dos Doentes estando completamente só, na ausência de outro clérigo ou de um leigo (X. 5, 40, 14). Por fim, o Concílio de Florença, na Bula Exsultate Deo (22 de Novembro de 1439), afirma, como verdade pacificamente aceite, que «o ministro deste sacramento é o sacerdote» (DS 1325).
A doutrina do Concílio de Trento toma posição face à contestação dos Reformadores, segundo os quais a Unção dos Doentes não é um sacramento, mas uma invenção humana; e os «presbíteros» de que se fala na Carta de São Tiago, não são os sacerdotes ordenados, mas os anciãos da comunidade. O Concílio expõe amplamente a doutrina católica a tal respeito (Sessio XIV, cap. 3: DS 1697-1700), e condena os que negam que a Unção dos Doentes seja um dos sete sacramentos (ibid., c. 1: DS 1716) e que o ministro deste sacramento seja só o sacerdote (ibid., c. 4: DS 1719).
Desde o Concílio de Trento até à codificação de 1917 há apenas duas intervenções do Magistério que, de algum modo, dizem respeito a este tema. Trata-se da Constituição Apostólica Etsi pastorales (28 de Maio de 1742, cf. § 5, n. 3: DS 2524) e da Encíclica Ex quo primum de Bento XIV (1 de Março de 1756). No primeiro documento estabelecem-se normas em matéria litúrgica sobre as relações entre os latinos e os católicos orientais chegados ao Sul da Itália, fugindo das perseguições; enquanto no segundo se aprova e comenta o Eucológio (Ritual) dos orientais que regressaram à plena comunhão com a Sede Apostólica[1]. Quanto ao sacramento da Unção dos Doentes supõe-se como verdade de facto que o ministro do sacramento seja «omnis et solus sacerdos».
A doutrina tradicional, expressa pelo Concílio de Trento sobre o ministro do sacramento da Unção dos Doentes, foi codificada no Código de Direito Canónico promulgado no ano de 1917 (c. 938 § 1), e repetida, quase com as mesmas palavras, no Código de Direito Canónico promulgado em 1983 (c. 1003 § 1) e no Código dos Cânones das Igrejas Orientais de 1990 (c. 739 § 1).
Por outro lado, todos os Rituais do sacramento da Unção dos Doentes pressupuseram sempre que o ministro do sacramento seja um Bispo ou um sacerdote (cf.Ordo Unctionis Infirmorum eorumque pastoralis curae, Edição típica, Typis Polyglottis Vaticanis 1972, Praenotanda, n 5. 16-19). Por isso não contemplaram sequer a possibilidade de que o ministro seja um diácono ou um leigo.
A doutrina segundo a qual o ministro do sacramento da Unção dos Doentes «est omnis et solus sacerdos» goza de tal grau de certeza teológica que tem de ser classificada como «definitive tenenda».
O sacramento é inválido se um diácono ou um leigo intenta administrá-lo. Tal acção constituiria um delito de simulação na administração do sacramento, punível a teor da norma do c. 1379 do CIC (cf. c. 1443 do CCEO).
Em conclusão, será oportuno recordar que o sacerdote, pelo sacramento que recebeu, torna presente, de um modo muito particular, o Senhor Jesus Cristo, Cabeça da Igreja. Na administração dos sacramentos, ele actua in persona Christi Capitis et in persona Ecclesiae. Quem opera neste sacramento é Jesus Cristo, o sacerdote é o seu instrumento vivo e visível. Ele representa e torna presente Cristo de modo especial, pelo que este sacramento tem uma particular dignidade e eficácia com respeito a um sacramental; de maneira que, como diz acerca da Unção dos Doentes a Palavra inspirada, «o Senhor o aliviará» (Tgo 5, 15). O sacerdote, além disso, actua in persona Ecclesiae. Os «presbíteros da Igreja» recolhem na sua oração (cf. Tgo 5, 14) a oração de toda a Igreja; como observa a este propósito São Tomás de Aquino: «oratio illa non fit a sacerdote in persona sua […], sed fit in persona totius Ecclesiae» (Summa Theologiae, Supplementum, q. 31, a. 1, ad 1). Uma oração assim é, certamente, escutada.



[1] . Note-se que também os Ortodoxos consideram que o ministro da Unção dos Doentes é somente o Bispo ou o presbítero.

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

A Santa Missa é a Renovação Mística e Incruenta do Sacrifício do Calvário


1 – A Santa Missa é a renovação incruenta do Sacrifício Redentor de Cristo, começado na Sua Encarnação e consumado no Calvário.

1.1 – No Calvário, Jesus Cristo ofereceu-Se de um modo sangrento.
Na Missa,
 oferece-Se de um modo sacramental, debaixo das aparências do Pão e do Vinho, para continuamente aplicar a nós, que não assistimos à Sua Obra Redentora, os frutos da Sua Encarnação, do Seu Nascimento, da Sua Vida oculta e pública, da Sua Paixão, Morte, Ressurreição e Ascensão ao Céu.

1.2 – Tudo isto está contido na Santa Missa, que é, como diz S. Tomás:
«O Sacrifício incruento da Vítima novamente enviada pelo Pai para os nosso altares, para nos aplicar os merecimentos infinitos da Sua Redenção, nomeadamente através da Sua Paixão e Morte».

2 – «A Missa é o próprio Sacrifício que foi oferecido a Deus sobre a Cruz», diz o Concílio de Trento.
É oferecido de um modo místico e incruento (sem derramamento de sangue), mas tem o mesmo valor e a mesma eficácia, pois nos aplica os frutos da Redenção de Cristo, operada de uma vez para sempre pelo nosso Divino Redentor, há perto de dois milénios.

2.1 – Sendo certo que pelo Sacrifício da Missa não somos novamente redimidos, pois já o fomos pelo Sacrifício cruento da Cruz; o Concílio de Trento define, como dogma de Fé, que «são-nos todavia aplicados os preciosos frutos da Redenção do Sacrifício da Cruz, através do Sacrifício incruento da Eucaristia» (C. Trento XII).

3 – Na Santa Missa, o Sacerdote é Jesus Cristo, e igualmente é Ele a Vítima.
No altar, o Padre não é mais que o representante e o instrumento de que Cristo se serve, mormente para a Consagração do pão e do vinho no verdadeiro Corpo e Sangue do Senhor Jesus.

3.1 – Na Santa Missa, é Deus feito Homem que Se oferece ao Pai, a Ele próprio no Seu Verbo e ao Espírito Santo, para adorar, louvar, agradecer, reparar e pedir em nosso nome, visto sermos membros do Seu Corpo Místico.

4 – «Todas as boas obras reunidas não equivalem ao Santo Sacrifício da Missa, porque são obras de homens, enquanto que a Missa é Obra de Deus.
O martírio humano [por mais valioso e doloroso que seja] não é quase nada, comparado com a Santa Missa, porque é o sacrifício que o homem faz a Deus da sua vida.
Mas a Santa Missa é o Sacrifício (supremo) que (o próprio) Deus faz do Seu Corpo e Sangue por Amor dos homens [pelo que tem valor infinito]».
(S. João Maria Vianney / Santo Cura de Ars)

5 – «Nenhuma língua humana pode expressar os enormes e preciosos frutos e graças que emanam da Celebração do Santo Sacrifício da Missa, em especial para os fiéis dignamente participantes:
O pecador encontra ali a disposição para a sua reconciliação com Deus, e o justo a sua purificação e perfeição mais amplas.
Ali, os pecados são perdoados, ao menos os veniais, os vícios afogados, as virtudes aumentadas e as insídias de Satanás são desbaratadas
».

(S. Lourenço Justiniano)

6 – «Uma só Missa pesa mais na balança da Justiça e da Misericórdia de Deus do que todas as orações e boas obras de todos os Santos e Missionários.
Uma só Missa dá mais Glória a Deus do que todos os milagres dos Santos e do que os cânticos dos Coros dos Anjos»(Venerável Padre Matéo).

7 – «Uma maneira óptima de obtermos qualquer graça agradável a Deus, sobretudo a conversão dos pecadores, é mandar celebrar a Santa Missa em honra da Misericórdia Divina»(Revelou Jesus a Santa Faustina).


José Mariano

sábado, 27 de novembro de 2010

Anotações para o Tempo do Advento - forma ordinária

por Rafael Vitola Brodbeck


Rezam as Normas para o Ano Litúrgico e o Calendário Romano:

"O tempo do Advento possui dupla característica: sendo um tempo de preparação para as solenidades do Natal, em que se comemora a primeira vinda do Filho de Deus entre os homens, é também um tempo em que, por meio desta lembrança, voltam-se os corações para a expectativa da segunda vinda do Cristo no fim dos tempos. Por este duplo motivo, o tempo do Advento se apresenta como um tempo de piedosa e alegre expectativa." (NALC, 39)
Nesse sentido, o roxo é a cor ditada pelas rubricas, como de espera penitencial, ainda que não tão rigorosa quanto a da Quaresma. De fato, o Advento é uma "pequena Quaresma" em preparação ao Natal. Preparando-nos para celebrar a primeira vinda de Cristo no Natal, aguardamos, neste exílio, pela segunda, em que Ele deve nos achar livres do pecado. O chamado à santidade é também a tônica, pois, do Advento.


Algumas anotações oficiais, tiradas do Diretório Litúrgico da CNBB, para o Advento que começa amanhã, nos ajudam a que as celebrações seja conforme as rubricas e a tradição do rito romano:

1. O órgão e os outros instrumentos musicais devem usar-se, e o altar orna-se com flores, com aquela moderação que convém ao caráter próprio deste tempo, de modo q não antecipar a plena alegria do Natal do Senhor. No Domingo Guadete (3º do Advento), pode-se usar a cor-de-rosa (CB, n. 236).


2. Na celebração do matrimônio, seja dentro ou fora da Missa, dá-se sempre a bênção nupcial; mas admoestem-se os esposos e a se absterem do pompa demasiada.



3. Até o dia 16, inclusive, não se permitem as Missas para diversas circunstâncias, votivas ou cotidianas pelos defuntos, a não ser que a utilidade pastoral o exija (IGMR, n. 333). Mas podem ser celebradas as Missas das memórias que ocorrem, ou dos Santos inscritos no Martirológio nos respectivos dias (IGMR, n. 316b).
Vejam que, conforme a primeira frase do número 3, a Missa Rorate, do Comum de Nossa Senhora, por motivo pastoral, pode ser celebrada, segundo ilustramos em um artigo do Salvem.


A partir de hoje, último sábado do Tempo Comum, começa, nas Completas, a antífona mariana Alma Redemptoris Mater.

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Sentido do advento

Palavras do Cardeal Joseph Ratzinger sobre o Advento


«O Advento e o Natal experimentaram um incremento de seu aspecto externo e festivo profano tal que no seio da Igreja surge, da própria fé, uma aspiração a um Advento autêntico: a insuficiência desse ânimo festivo por si só se deixa sentir, e o objetivo de nossas aspirações é o núcleo do acontecimento, esse alimento do espírito forte e consistente do qual nos fica um reflexo nas palavras piedosas com as quais nos felicitamos nas festas. Qual é esse núcleo da vivência do Advento?

Podemos tomar como ponto de partida a palavra «Advento»; este termo não significa «espera», como poderia se supor, mas é a tradução da palavra grega parusia, que significa «presença», ou melhor, «chegada», quer dizer, presença começada. Na antigüidade era usado para designar a presença de um rei ou senhor, ou também do deus ao qual se presta culto e que presenteia seus fiéis no tempo de sua parusia. Ou seja, o Advento significa a presença começada do próprio Deus. Por isso, nos recorda duas coisas: primeiro, que a presença de Deus no mundo já começou, e que ele já está presente de uma maneira oculta; em segundo lugar, que essa presença de Deus acaba de começar, ainda que não seja total, mas está em processo de crescimento e amadurecimento. Sua presença já começou, e somos nós, os crentes, que, por sua vontade, devemos fazê-lo presente no mundo. É por meio de nossa fé, esperança e amor que ele quer fazer brilhar a luz continuamente na noite do mundo. De modo que as luzes que acendamos nas noites escuras deste inverno sejam ao mesmo tempo consolo e advertência: certeza consoladora de que «a luz do mundo» já foi acesa na noite escura de Belém e transformou a noite do pecado humano na noite santa do perdão divino; por outra parte, a consciência de que esta luz somente pode - e somente quer - seguir brilhando se é sustentada por aqueles que, por ser cristãos, continuam através dos tempos a obra de Cristo. A luz de Cristo quer iluminar a noite do mundo através da luz que somos nós; sua presença já iniciada deve seguir crescendo por meio de nós. Quando na noite santa soe uma e outra vez o hino Hodie Christus natus est, devemos recordar que o início que foi produzido em Belém deve ser em nós início permanente, que aquela noite santa é novamente um «hoje» cada vez que um homem permite que a luz do bem faça desaparecer nele as trevas do egoísmo (...) a criança - Deus nasce ali onde se obra por inspiração do amor do Senhor, onde se faz algo mais que intercambiar presentes.
Advento significa presença de Deus já começada, mas também apenas começada. Isto implica que o cristão não olha somente o que já foi e o que aconteceu, como também ao que está por vir. Em meio a todas as desgraças do mundo, tem a certeza de que a semente de luz segue crescendo oculta, até que um dia o bem triunfará definitivamente e tudo lhe estará submetido: no dia em que Cristo retorne. Sabe que a presença de Deus, que acaba de começar, será um dia presença total. E esta certeza o faz livre, o dá um apoio definitivo (...)».
Alegrai-vos no Senhor
(...) «"Alegrai-vos, uma vez mais vos digo: alegrai-vos". A alegria é fundamental no cristianismo, que é por essência evangelium, boa nova. E, entretanto, é ali onde o mundo se equivoca, e sai da Igreja em nome da alegria, achando que a Igreja a tira do homem com todos os seus preceitos e proibições. Certamente, a alegria de Cristo não é tão fácil de ver como o prazer banal que nasce de qualquer diversão. Mas seria falso traduzir as palavras: «Alegrai-vos no Senhor» por estas outras: «Alegrai-vos, mas no Senhor», como se na segunda frase se quisesse recordar o afirmado na primeira. Significa simplesmente «alegrai-vos no Senhor», já que o apóstolo evidentemente crê que toda verdadeira alegria está no Senhor, e que fora dele não pode haver nenhuma. E de fato é verdade que toda alegria que se dá fora dele ou contra ele não satisfaz, mas que, ao contrário, arrasta o homem a um redemoinho no qual não pode estar verdadeiramente contente. Mas isso aqui nos faz saber que a verdadeira alegria não chega até que não a traz Cristo, e que do que se trata em nossa vida é de aprender a ver e compreender a Cristo, o Deus da graça, a luz e a alegria do mundo. Pois nossa alegria não será autêntica até que deixe de apoiar-se em coisas que podem ser-nos arrebatadas e destruídas, e se fundamente na mais íntima profundidade de nossa existência, impossível de ser-nos arrebatada por força alguma do mundo. E toda perda externa deveria fazer-nos avançar um passo rumo a essa intimidade e fazer-nos mais maduros para nossa vida autêntica.
Assim se passa a ver que os dois quadros laterais do tríptico de Advento, João e Maria, apontam ao centro, a Cristo, desde o qual são compreensíveis. Celebrar o Advento significa, dizendo mais uma vez, despertar para a vida a presença de Deus oculta em nós. João e Maria nos ensinam a fazê-lo. Para isso, devemos andar por um caminho de conversão, de afastamento do visível e aproximação ao invisível. Andando esse caminho somos capazes de ver a maravilha da graça e aprendemos que não há alegria mais luminosa para o homem e para o mundo que a da graça, que apareceu em Cristo. O mundo não é um conjunto de penas e dores, toda a angústia que exista no mundo está amparada por uma misericórdia amorosa, está dominada e superada pela benevolência, o perdão e a salvação de Deus. Quem celebre assim o Advento poderá falar com razão da celebração natalina: feliz bem-aventurada e cheia de graça. E conhecerá como a verdade contida na felicitação natalina é algo muito maior do que esse sentimento romântico dos que a celebram como uma espécie de diversão de carnaval».
Estar preparados...
«No capítulo 13 que Paulo escreveu aos cristãos em Roma, diz o Apóstolo o seguinte: "A noite vai muito avançada e já se aproxima o dia. Despojemo-nos, pois, das obras das trevas e vistamos as armas da luz. Andemos decentemente e como de dia, não vivendo em orgias e bebedeiras, nem em devassidão e libertinagem, nem em rixas e ciúmes, antes vesti-vos do Senhor Jesus Cristo..." Segundo isso, Advento significa colocar-se de pé, despertar, sacudir-se do sono. Que quer dizer Paulo? Com termos como "orgias, bebedeiras, devassidão e libertinagem" expressou claramente o que entende por «noite». As orgias noturnas, com todos seus acompanhamentos, são para ele a expressão do que significa a noite e o sono do homem. Esses banquetes se convertem para São Paulo em imagem do mundo pagão em geral que, vivendo de costas para a verdadeira vocação humana, se afunda no material, permanece na escuridão sem verdade, dorme apesar do ruído e da agitação. A orgia noturna aparece como imagem de um mundo estragado. Não devemos reconhecer com espanto quão freqüentemente descreve Paulo desse modo nosso paganizado presente? Despertar-se do sono significa sublevar-se contra o conformismo do mundo e de nossa época, sacudir-nos, com valor, para a virtude e a fé, sono que nos convida a nos desentendermos de nossa vocação e nossas melhores possibilidades. Talvez as canções do Advento, que escutamos de novo esta semana, tornem-se sinais luminosos para nós, mostrem-nos o caminho e nos permitam reconhecer que há uma promessa maior que a do dinheiro, do poder e do prazer. Estar despertos para Deus e para os demais homens: eis aqui o tipo de vigilância a que se refere o Advento, a vigilância que descobre a luz e proporciona mais claridade ao mundo».
João Batista e Maria
«João Batista e Maria são os dois grandes protótipos da existência própria do Advento. Por isso, dominam a liturgia desse período. Olhemos primeiro a João Batista! Está frente a nós exigindo e atuando, exercendo, pois, exemplarmente a tarefa masculina. Ele é o que chama, com todo rigor, à metanóia, a transformar nosso modo de pensar. Quem queira ser cristão deve "mudar" continuamente seus pensamentos. Nosso ponto de vista natural é, desde então, querer afirmar-nos sempre a nós mesmos, pagar com a mesma moeda, colocar-nos sempre no centro. Quem quiser encontrar a Deus deve se converter interiormente uma e outra vez, caminhar na direção oposta. Tudo isso deve se estender também a nosso modo de compreender a vida em seu conjunto. Dia após dia nos topamos com o mundo do visível. Tão violentamente penetra em nós através de cartazes, do rádio, do tráfico e demais fenômenos da vida diária, que somos induzidos a pensar que só existe ele. Entretanto, o invisível é, na verdade, mais excelso e possui mais valor que todo o visível. Uma só alma é, segundo a soberba expressão de Pascal, mais valiosa que o universo visível. Mas, para percebê-lo de forma viva, é preciso converter-se, transformar-se interiormente, vencer a ilusão do visível e fazer-se sensível, afinar o ouvido e o espírito para perceber o invisível. Aceitar esta realidade é mais importante que tudo o que, dia após dia, se projeta violentamente sobre nós. Metanoeite: dai uma nova direção a vossa mente, disponde-na para perceber a presença de Deus no mundo, mudai vosso modo de pensar, considerai que Deus se fará presente no mundo em vós e por vós. Nem sequer João Batista se eximiu do difícil acontecimento de transformar seu pensamento, do dever de converter-se. Quão certo é que este seja também o destino do sacerdote e de cada cristão que anuncia a Cristo, ao qual conhecemos e não conhecemos!

terça-feira, 23 de novembro de 2010

Reforma da Reforma


Santidade o Papa Bento XVI, com seu Mestre de Cerimônias o Revmo. Mons. Guido Marini tem apresentado nas Celebrações Litúrgicas algo que, muitos têm chamado de rompimento com o Concílio Vaticano II. Certos (a) Liturgista(s) que criam laboratórios de liturgia, opinam ser isso algo inaceitável em pleno século XXI. Mas não é sobre a opinião de pessoas que não conhecem o inexaurível tesouro litúrgico da Santa Igreja Romana que quero falar. Mas para todos nós que estamos com o Santo Padre isso é voltar as Fontes. Não existe expressão melhor para designarmos tal atitude: “Voltar as Fontes!”
Como muito bem nos apresentou o Revmo. Padre Paulo Ricardo, nas palestras publicadas em seu site, dizendo sobre “A Igreja e o Mundo Moderno”, o Pe. Ratzinger defendia que a Igreja deveria voltar às fontes, aos primórdios, ao âmago do Cristianismo e com essa atitude pudesse viver na Práxis Litúrgica a sua Espiritualidade.
A Espiritualidade Litúrgica jamais poderia ser encontrada se em cada região fosse inculturados elementos de sua realidade, isso seria um rompimento não “apenas” com a Tradição da Igreja, mas com Nosso Senhor. Será que na Bahia Jesus Cristo morreria caracterizado com as vestes populares de lá? No Rio ele morreria de sunga? Na África ele usaria um turbante? Não. Então isso não deve acontecer nas Celebrações Litúrgicas, essa falsa interpretação nos leva ao abismo, ao erro. Não se deve incrementar a Liturgia com essas particularidades, pois ela é um Culto de Adoração a Deus e não para satisfazer o homem.
A Santa Missa é momento de reunidos em Comunidade, através do Sacerdote ofertarmos nossa vida a Deus e pelo Sacerdote é oferecido o Sacrifício único, perfeito e incruento da Paixão, Morte e Ressurreição de Nosso Senhor, para Nossa Salvação. Essa falsa doutrina de Povo, de Comunidade, que muitas vezes vemos em livros de “liturgia”, em músicas do jornalzinho Dominical, não condiz com a realidade. A Participação do povo não é de junto com o Sacerdote oferecer o Sacrifício, mas é aquilo que diz São Pio de Pietrelcina: “… Assistir a Stª Missa assim como Nossa Senhora e São João estavam no Calvário”. Essa é a melhor forma de se participar da Santa Missa, com um Coração Adorante e Grato a Nosso Senhor por magna expressão de Amor e Doação.
Não é dançando na Missa, não é inventado Missas… (Uma opinião minha: “Hoje em dia existe ‘Missas’ de todos os tipos, será que não teremos a Missa de Nosso Senhor celebrada dignamente?! Não estou dizendo que o Sacrifício não é válido nessas celebrações, se tem ou não validade não cabe a mim, mas que se distancia tanto de uma Celebração Litúrgica, pelo menos se distancia de um Culto Católico”).
A Constituição Sacrossanctum Concilium não permiti que se invente uma nova forma de celebrar. Como Sua Santidade o Papa Bento XVI sabe que a “pregação converte, mas o testemunho arrasta”. Com sua maneira simples e não arrogante como muitos diziam, sem querer impor, parte dele a iniciativa de “ensinar o padre como que se reza a Missa” (não me entendam mal!). Para não ficar naquilo que diz o ditado popular “faça o que eu falo, mas não faça o que eu faço” ele apoiado por seu Mestre de Cerimônias tem dado a toda Igreja uma excelentíssima pregação Evangélica, a maneira como ele Celebra a Stª Missa.
É pela Sagrada Liturgia que nós seremos salvos, como diz Pe. Paulo Ricardo: “Se salvarmos a Liturgia, seremos salvos por ela”. Nossa Sociedade hodierna tem perdido o valor do Sacrifício. Já não sabemos nem o que é sacrificar-se, por essa razão tem sido desvalorizado o Valor Salvífico da Oblação Perfeita e Cruenta de Nosso Senhor no Calvário.
Com exemplo do St° Padre nós Católicos do mundo inteiro, posso dizer com essa propriedade, pois é de fato desejamos que em nossas Paróquias o verdadeiro povo de Deus receba a maior Libertação, a da escravidão do pecado, através do Santo Sacrifício dignamente celebrado, mesmo que com os objetos mais simples, mas que sejam dignos de Nosso Senhor. Os filhos e filhas de Deus têm mais fome de participarem da Santa Missa bem celebrada do que fome de pão.
O alimento fisiológico é necessário, mas o alimento da alma é indispensável. Se como diz São Pio: “É mais fácil a Terra viver sem o Sol do que sem a Santa Missa”, podemos dizer, é mais fácil vivermos sem pão físico, do que sem o Pão da Vida Eterna, assim como viveu no término de sua caminhada cristã, Beata Alexandrina.
Com a graça de Nosso Senhor exerço a função de Mestre de Cerimônias em minha Comunidade Paroquial e a exemplo do Sucessor de São Pedro, Vigário de Nosso Senhor aqui na Terra, tivemos a graça de no dia 18 de Julho no Retiro Trono de Adoração, organizado pela Missão Trono de Adoração, a qual faço parte, que tem como Chamado a Adoração Eucarística a Nosso Senhor Sacramentado, o Anúncio Missionário e a Consagração dos Lares ao Imaculado Coração de Nossa Senhora. Sob o zelo Espiritual do Revmo. Padre José Olavo Píres Trindade, EP, termos a Celebração da Santa Missa dignamente. E aproveitamos para na ocasião ornarmos o Altar com o “Arranjo Beneditino”.
Foi uma grande alegria para o meu coração, como Cerimoniário, Católico e também para todo o povo presente, vimos também o que estava expresso nas palavras do Celebrante quando na homilia e ao final da Cerimônia expressou sua gratidão por jovens quererem viver a Fé Católica em obediência ao Santo Padre.
O que é mais interessante, não é “simplesmente” como estava ornada e como foi celebrada a Santa Missa (Isto é de fato importante), mas sim, o fato de os corações também estarem preparados para tal, a celebração que teve quase duas horas de atraso, porque Pe. Olavo ficou atendendo os presentes em confissão. Os que participavam, ali estavam com o Coração Adorador, tivemos também algumas partes cantadas em Latim. Esse é o desejo do Papa Bento XVI com a Reforma da Reforma, recriar em nós uma verdadeira Espiritualidade Eucarística, essa que não pode ser inventada, mas é Dom de Nosso Senhor a todos os que desejam. Nós Desejamos!
Valdeci Silva I. Junior

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

As cores litúrgicas do Advento

A cor própria do advento é o roxo, usado desde as I Vésperas do I Domingo do Advento até a última missa que antecede a da Noite de Natal. Nesse período, só se usa outra cor para as festas e solenidades, como a Imaculada Conceição, e para o III Domingo do Advento, Domingo Gaudete, quando se usa o rosa. Isso é conhecido por todos aquele que trabalham na organização da liturgia nas comunidades paroquiais, nos oratórios, nos monastérios, etc.

Existe, entretanto, uma "proposta" que sugere a utilização de outras cores no tempo do advento. O grande argumento é que o roxo remete à penitência e o advento é um tempo de feliz espera. Um argumento simplório que evidencia um total desprezo pela construção da liturgia durante séculos e propõe mudanças cirúrgicas na mesma. As cores litúrgicas não devem ser vistas como "legendas" da celebração, mas como um dos elementos que constituem a mesma. O roxo relaciona-se tão bem com a penitência quaresmal, quanto com a sobriedade e preparação, próprios do tempo do advento. Esses dois usos não se excluem, mas se completam; tendo-se como significado final a conversão, comum aos dois tempos e também ao sacramento da penitência, em que figura.

Um caso similar é o vermelho, que tanto é usado na celebração dos mártires, quanto nas celebrações do Espírito Santo. Uma mesma cor que serve muito bem a ambas as ocasiões, apesar de não terem, ao menos a primeira vista, um mesmo significado.

Voltando à tão proposta, com a saída do roxo do advento, existiria a necessidade de uma cor para lhe substituir. E existem duas candidatas a "cor subsitutita", alguns dizem que deve-se usar o rosa em todo o tempo do Advento, outros que deve-se introduzir o lilás entre as cores litúrgicas e destiná-lo a esse tempo. Uma sugestão mais esdrúxula que a outra.

O rosa já tem seu lugar na liturgia. É usado, como já disse, no Domingo Gaudete, além de no IV Domingo da Quaresma, Domingo Laetare. Seu uso em todo o período do Advento levaria a uma desastrosa perda destes dois domingos, que possuem uma relação particular com sua respectivas liturgias da palavra e outras partes do próprio, além de marcarem um dia de júbilo dentro de tempos particularmente sóbrios.
O uso do lilás é defendido para preservar os domingos de rosa. Ele seria uma cor intermediária entre o rosa e o roxo. Considerando que o rosa é cor intermediária entre roxo e branco, apenas a confusão gerada por tanto "intermediarismo" nas cores já seria um bom ponto para não se utilizar tal cor. Mas existem motivos melhores para excluir o lilás. Primeiro, o lilás não é cor do rito romano e sua introdução nos paramentos litúrgicos constituiria um abuso grave, tão grave quanto o uso do laranjado. Segundo, por que constitui um artificialismo; o povo não relaciona lilás com preparação para o Natal, ao contrário, relaciona o roxo com preparação.

Por fim, se alguma paróquia realmente precisa da invenção de uma cor litúrgica criada ex nihil para entender que Quaresma não é Advento, essa pobre comunidade necessita, urgentemente, de uma boa catequese litúrgica.

fonte: salvem a liturgia.

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

34o Domingo do tempo comum – Solenidade de Cristo Rei do universo

A solenidade deste último domingo do ano litúrgico da Igreja nos coloca frente à realeza de Jesus. Criada em 1925, pelo Papa Pio XI, esta festa litúrgica pode parecer pretensiosa e triunfalista. Afinal, de que realeza se trata?
Para superar a ambigüidade que permanece, precisamos ir além da visão do Apocalipse, cujo hino na segunda leitura canta que “Jesus é o soberano de todos os reis da terra”. Ora, reis e rainhas não servem de modelo para a representação gloriosa de Jesus. Mesmo que seja para colocá-lo acima de todos os soberanos. Riquezas, palácios, criadagem e exércitos não são elementos que sirvam para exaltar a entrega de Jesus por nós. Jesus está na outra margem. Ele é a antítese da realeza da riqueza e do poder. Não é por acaso que os evangelhos da liturgia de hoje, nos ciclos litúrgicos A, B, e C da Igreja, sempre nos colocam no contexto da paixão de Jesus para contemplar sua realeza.
Jesus foi Rei durante sua vida, em apenas dois momentos, ao entrar em Jerusalém como um Rei pobre, montado em um jumento emprestado e ao ser humilhado na paixão, revestido com manto de púrpura-gozação e capacete de espinhos; rei ao morrer despido e com o peito traspassado na cruz. Rei da Paz e Rei do Amor-sem-limite até a morte. A realeza de Jesus é a realeza do Amor Ágape de Deus por toda a Humanidade e por toda a criação.
Esta festa é ocasião propícia para podermos reconhecer, mais uma vez, que na cruz de Jesus o poder-dominação, o poder opressor, criador de desigualdades e exclusões, espalhador de sofrimento por todos os lados, está definitivamente derrotado. Isto se deu pelo seu modo de viver para Deus e para os outros. O fracasso na cruz é a vitória de Jesus sobre o mal, o pecado e a morte, por meio de sua Ressurreição.
Esta festa se torna então reveladora de um tríplice fundamento para a nossa Esperança, de que as Promessas de Deus serão cumpridas até o fim.
O surgimento da matéria e sua evolução, desde o big-bang ─ quando toda a energia do Universo se concentrava em um único ponto menor do que o átomo ─ são o primeiro fundamento de nossa Esperança.
Deus é criador respeitando as leis daquilo que criou. Nós nos damos conta de que a soberania de Deus vem se cumprindo num Universo em expansão, uma vez que a evolução da matéria atingiu seu ponto Ômega ao dar à luz Jesus de Nazaré, por meio de Maria, porque nele está a Humanidade humanizada para todos os homens e mulheres, de todas as gerações.
O segundo fundamento é a pessoa de Jesus de Nazaré. O sonho de uma Humanidade humanizada ─ tornada aquilo que ela é ─ vem expresso na primeira leitura do livro de Daniel, na figura de um Filho de Homem ─ figura antitética dos filhos de besta, filhos da truculência, dos povos pagãos que oprimiram Israel com seus exércitos. O sonho tornou-se realidade em Jesus Cristo. Jesus nos humaniza com a sua divindade: nunca Deus esteve tão perto de nós, sendo um de nós e sem privilégios; mas também sem crimes e pecados (cf. epístola aos Hebreus). Jesus nos diviniza com a sua humanidade, tão humano que é, que só pode vir de Deus e ser Deus mesmo.
O terceiro fundamento de nossa esperança é a comunidade eclesial de fé, dos amigos e discípulos de Jesus. Olhando essa grandeza, entendemos o sentido último de nosso Batismo, pois na realeza de Jesus fomos batizados para ser reis e rainhas; no Sacerdócio de Jesus, para sermos sacerdotes e sacerdotisas; no Profetismo de Jesus, para sermos profetas e profetisas, para viver segundo o imperativo da Palavra de Deus, revelada em seu Filho.
A soberania dessa realeza consiste no serviço da cultura da Paz e da solidariedade, da compaixão e da fraternidade. O poder que corresponde a essa realeza é o do exercício da autoridade que serve, para fazer o milagre da diversidade tornar-se unidade.
No Sacerdócio de Jesus nos unimos à sua missão de gastar a vida pelos demais. Sabemos por Ele qual o modo de existir que nos conduz à Vida verdadeira; qual a religião que agrada a Deus. A Esperança posta no Sacerdócio de Jesus é também certeza de que a vida gasta por compaixão e solidariedade é a vida feliz e bem vivida.
Nossa Esperança é profética, pois a força da Palavra inaugura o Futuro. “Apesar de você, amanhã há de ser outro dia…” cantava Chico Buarque nos anos da ditadura. Era a palavra do poeta vencendo a força bruta. Vivendo o tempo presente no coração da comunidade de fé, que é a Igreja, sentimos que uma força maior se move em nós, nos co-move, para abrir-nos em direção ao futuro, pois nossa esperança não se funda somente em Deus, sentido radical do futuro, ou, como diz o provérbio, que “o futuro a Deus pertence”. Mas é Deus mesmo a quem esperamos e quem nos espera no futuro. Isso é que é ter Esperança: esperar Deus mesmo!
A festa de hoje nos faz contemplar a existência do Universo, necessária para que surgisse o grande presente de Deus oferecido a toda a Criação, que é Jesus. Desta forma, nossa esperança se sustenta também nos cantos dos bem-te-vis e sabiás; nas rosas e margaridas; nas crianças e nas borboletas; nos homens e mulheres de boa vontade; nas pedras e nos vulcões; nas nuvens, na lua e nos planetas; nas estrelas e nas galáxias. Se existe tudo isso e não o nada, nossa esperança tem pé, tem cabeça e tem coração.
Assim, como São Paulo, vivemos na Esperança, mas hoje sabendo de seu tríplice fundamento: aquele da evolução do Universo que culminou em Jesus, pelo dom de Maria; aquele que é Jesus, que por nós se doou na cruz, abrindo para nós um modo de viver para Deus e para os outros que é verdadeira salvação; e aquele que é a Igreja, a nossa comunidade de fé, que nos lança e sustenta na abertura radical ao futuro, esperando Deus que vem e que nos acolhe com amor infinito, por meio do seguimento de seu Filho, por quem recebemos a Vida e Plenitude da graça de Deus. Amém.

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

O que é Consistório?



O Papa Bento XVI anunciou os nomes dos novos cardeais que serão criados no consistório a se realizar em 20 de novembro.
Dos 24, 10 são italianos, dos quais 8 eleitores (os acima de oitenta anos não têm direito a voto), dois alemães, um polonês, um suíço, um espanhol (não eleitor), quatro africanos, entre eles o Patriarca do Egito, dois americanos, um brasileiro e um equatoriano, um do Sri Lanka.
Os membros da Cúria Romana são: Angelo Amato, Fortunato Baldelli, Raymond Leo Burke, Velasio De Paolis, Francesco Monterisi, Kurt Koch, Gianfranco Ravasi, Paolo Sardi, Robert Sarah, Mauro Piacenza.
Arcebispos residenciais:
Antonio Naguib, patriarca de Alexandria dos Coptas (Egito);
Paolo Romeo, arcebispo de Palermo;
Reinhrad Marx, arcebispo de Munique e Frisinga (Alemanha);
Kazimierz Nycz , arcebispo de Varsóvia (Polônia);
Donald William Wuerl, arcebispo de Washington (EUA);
Laurent Monsengwo Pasinya, arcebispo de Kinshasa (Congo):
Medardo Joseph Mazombwe, arcebispo emérito di Lusaka (Zâmbia);
Albert Malcom Ranjith Patanbendige Don, arcebispo de Colombo (Sri Lanka);
Raul Eduardo Vela Chiriboga, arcebispo de Quito (Equador);
Raymundo Damasceno Assis, arcebispo de Aparecida (Brasil).
Com mais de 80 anos de idade: Elio Sgreccia (Itália), Josè Manuel Estepa Llaurens (Espanha), WalterBrandmuller (Alemanha), Domenico Bartolucci (Itália).
----------------------------------------------------------------------------------
O que é Consistório?

 
É a assembléia dos Cardeais para a eleição do Papa por escrutínio secreto. Obedece à regulamentação minuciosa do Direito Canônico e das Constituições Apostólicas. O conclave foi regulamentado por Gregório X no Concílio de Lyon, em 1274. Os Papas seus sucessores acrescentaram algumas modificações a essa primeira regulamentação. Gregório XV, através das constituições de 1621 e 1622, e Pio XII, através da Constituição Vacantis Apostolicae Sedis de 1945, tornaram mais precisas as leis do Conclave. Hoje a eleição do Papa observa as leis especiais da Constituição Apostólica de Paulo VI Romano Pontifice Eligendo de 1º de outubro de 1975.
     Consistório é assembléia de Cardeais, presidida pelo Papa, para assuntos de interesse da Igreja universal. É a forma colegial do Cardeal prestar ajuda ao Pastor Supremo da Igreja. O consistório é convocado por ordem do Romano Pontífice e realizado sob sua presidência. Há dois tipos de consistório: ordinário e extraordinário. Consistório ordinário é o que reúne todos os Cardeais e o Papa pronuncia um discurso, anuncia a criação de novos Cardeais e impõe em cada um o barrete de cor vermelha viva. Este consistório em geral é público, isto é, admite além dos Cardeais, outros convidados, como legados de nações e comitivas, como acontecerá dia 21 de fevereiro de 2001 na Basílica de São Pedro, às 10h30. Este consistório pode ser secreto, quando o Papa convoca pelo menos os Cardeais que residem em Roma para consulta sobre questões graves.
     Consistório extraordinário é o que convoca os Cardeais para tratar de necessidades especiais da Igreja ou de questões mais graves. Desde o século XIII o consistório tomou grande importância no governo da Igreja, como Conselho do Papa e chamado de Senado do Papa. João Pauo II com a Constituição Apostólica Pastor Bônus, de 28 de junho de 1988, sobre a Cúria Romana, constituiu um Conselho de 15 Cardeais, nomeados por 5 anos, para o estudo dos problemas organizativos e econômicos da Santa Sé. Hoje o consistório tem o caráter formal de reunião para criação de novos Cardeais. João Paulo II restabeleceu o costume de convocar reuniões plenárias de cardeais para tratar dos assuntos mais importantes da Igreja. No judaísmo, os consistórios israelitas foram estabelecidos na França por decreto imperial de 1808 e definitivamente constituídos por decreto de 1862 e 1872. Após a lei de separação de 1905, os consistórios foram substituídos por uma União de todas as Associações Culturais Israelitas. No calvinismo, era espécie de Tribunal de Inquisição pra vigiar a vida religiosa dos cidadãos e punir-lhes as infrações.
     O consistorio era, originalmente, a reunião do Imperador com os mais altos dignatários do Império Romano. A Igreja assumiu e aplicou essa denominação à reunião solene do Cardeais sob a presidência do Papa. O novo Código de Direito Canônico trata dos Cardeais nos cânones 349 a 359.

Autor: Mons. Arnaldo Beltrami